segunda-feira, dezembro 29, 2008

Retrospectiva

2008 chega ao fim. O que nos deixa esse ano? Em termos pop, muito pouco. Música? Nada novo explodiu os ouvidos ao ponto de se tornar um clássico instantâneo. Por aqui, vivemos de emos de boutique (NX Zero, Fresno, etc.) a crianças bobas e pré-construídas (Mallu Magalhães). Na TV? A oitava temporada de Smallville tem se mostrado uma surpresa cada vez interessante, enquanto Heroes decepciona, Two and a Half Men e House mantém o nível. E, claro, Sílvio Santos dá uma tacada de mestre com Pantanal. Nas HQs, a Marvel conseguiu realmente afetar o status quo de seu universo, com Secret Invasion e tudo mais que vem acontecendo desde House of M, passando por Civil War. Enquanto a DC segue numa imensa e infindável crise. E o cinema? Bom, aí temos Iron Man e The Dark Knight e o negócio fica especial.

Música

A idiotice forçada de Mallu Magalhães é o ícone maior de um ano em que não se produziu nada de qualidade por aqui. Musicalmente falando, Mallu é até melhor que os seus contemporâneos, como os disléxicos musicais do NX Zero. Mas sair de uma nota – 55 e chegar a zero não é exatamente o que podemos chamar de vitória.

Parece que ninguém se incomoda com o fato dela falar coisas simplesmente impróprias, como nessa pergunta, em entrevista à Rolling Stone:

Você está em semana de provas na escola?

Foi semana passada, só que não consegui fazer algumas. A de química, deixei em branco. Fiz um desenho conceitual, daí tirei zero. A de física, eu nem tentei, só escrevi um poema.

Assim, vivemos em tempos de mulheres-fruta, de bundas, funk carioca e tudo mais. Mas entre erotização precoce e incentivo a não ir para a escola, sinceramente não sei o que é mais nocivo aos adolescentes.

Há uma supervalorização do que é novo, sem a menor avaliação se aquilo possui ou não qualidade. E, no caso de Mallu, soma-se ainda o fato de parecer ser legal estimular uma garota que parece “boazinha” e “inofensiva”. Onde estão as Doro Pesch, Debbie Harry e até Madonnas do mundo de hoje? Continuam sendo as mesmas, pelo visto.

Falando em Madonna, seus shows no Brasil demonstraram o que é o profissionalismo de verdade no show business. Podem dizer que ela dubla algumas músicas e que isso é mentir para o público. Só que isso não é um argumento válido. Quem esteve no Morumbi ou no Maracanã assistiu espetáculos fenomenais. União perfeita entre dança, luz, som, palco e tudo mais. Anima o público com uma energia fora do comum, propiciando momentos inesquecíveis. E, numa boa... vai pular do jeito que aquela mulher pula aos 50 anos e vê se consegue ainda cantar sem desafinar (o que ela faz, diga-se de passagem).

TV

Algum novo show se tornou impossível de não ser assistido? Realmente não. Boas estréias, como Eleventh Hour e The Mentalist se mostram promissoras, mas não chegam a verdadeiramente a empolgar. Parecem todas, de uma maneira ou de outra, rip-offs de Law and Order. Essa sim, em sua versão SVU, continua destruidora. Lá nada é sagrado e cada episódio bate com força maior na cara dos espectadores.

No campo mais fantasioso, a nova temporada de Smallville foi a melhor surpresa. Talvez seja o cancelamento que parece bater à porta ao final do 9º ano da série, mas agora o caminho de Clark em direção a assumir seu colante azul e capa vermelha está cada vez mais firme, com participações de Doomsday e até da Legião dos Super-Heróis (de uniforme, anel e tudo mais). E as histórias contadas ganharam maior densidade, fugindo da lentidão arrastada das duas últimas temporadas.

Cinema

O ponto mais alto de 2008 foi The Dark Knight. O filme é simplesmente perfeito: da atuação psicótica de Heath Ledger, à direção firme de Christopher Nolan e a dureza e dor transmitidas pelo Batman de Christian Bale.

Cenas já clássicas, como o Coringa enfermeira e o lápis que some, vão ficar marcadas no imaginário coletivo, como o vôo de bicicleta de E.T e a corrida da bola em Indiana Jones.

Como adaptação de Quadrinhos, The Dark Knight só perde para a “bíblia” Superman – The Movie. Mas há uma vantagem para o Homem-Morcego. Esta sua produção é muito mais que uma adaptação. É um filme excelente, como há muito Hollywood não produzia. Transcende o gênero e se apresenta às massas como um entretenimento complexo, de digestão difícil, dolorido. Mas ainda assim (e talvez por isso mesmo) espetacular.

Já aqueles com dificuldades em assimilar a insanidade do Cavaleiro das Trevas puderam se deliciar com o maravilhoso Iron Man. Se a Marvel havia acertado com os dois primeiro filmes dos X-Men e do Homem-Aranha, com o Homem de Ferro o nível subiu para níveis estratosféricos.

Na seqüência de abertura do filme, ao som de AC/DC, já se percebe algo diferente. Isto é HQ transformada em cinema. Não uma transferência literal como em Sin City e 300, mas uma transformação. Robert Downey Jr encarnou Tony Stark de maneira viceral. Nos extras do DVD há cenas do teste de câmera do ator e ali, logo no começo, já é possível perceber como ele conseguiu pegar as nuances do sarcasmo e da egolatria de Stark.

Entretanto, é inegável que o roteiro poderia ser um pouco melhor. Faltou mais embate entre herói e vilão e muito disso vem do fato do Iron Monger não convencer muito. Mas isso acaba sendo compensado pelos belíssimos efeitos visuais (a cena voando entre os caças é de chorar de tão boa) e o saldo é mais que positivo.

HQs

Muito poderia ser dito sobre as grandes sagas que envolveram Marvel e DC neste ano. Mas aí o foco fugiria e tudo parecia ser resumido a batalhas épicas, reviravoltas e retcons que parecem estar se repetindo incessantemente. Mas se voltarmos os olhos para personagens específicos, as coisas melhoram um pouco.

Superman está numa grande fase nas mãos de Geoff Johns e James Robinson. Este último, aliás, voltou a escrever como nos tempos de Starman. Sua edição especial Superman’s Pal Jimmy Olsen foi, disparado, o melhor one-shot do ano. A saga atual, New Krypton, parece estar levando para uma “chacoalhada” bacana, com um senso de inovação que demorou para aparecer nas revistas do Big Blue.

Em Batman as coisas estão ainda mais fortes. Batman RIP é mais uma obra-prima de Grant Morrison. A mistura de força, loucura e determinação, que estão na essência do Homem Morcego, ressurge aqui em toda sua glória. A profundidade alcançada é absurda. É quadrinho de alto-nível e totalmente mainstream. A melhor do ano, com certeza.

Na Marvel, Captain America é o maior destaque. Longe das saídas fáceis e marketeiras de matar um personagem e trazê-lo de volta logo em seguida, esta série está mantendo a mudança após a morte de Steve Rogers e com seu parceiro Bucky como o novo Capitão.

Ed Brubaker faz um excepcional trabalho não deixando cair o nível da série em momento algum, ligando os pontos numa imensa saga, que já dura mais de dois anos. É a melhor coisa da Marvel, sem dúvida alguma.

E no Brasil, a Panini merece alguns elogios. A “Coleção DC 70 Anos” é um exemplo. O número que traz a Liga da Justiça é um dos melhores, com histórias clássicas que não haviam sido publicadas antes no Brasil.

Foram lançados ainda álbuns de capa dura como “Crise na Múltiplas Terras”, “JLA por Grant Morrison” e o melhor de todos: “Starman –Vol. 1”. Relançar Starman, que nunca havia conseguido ser publicado de forma contínua no Brasil foi o maior acerto da editora. E dar um tratamento de luxo é algo mais que merecido para um material de qualidade superior como esse.

E é isso. Que venha 2009 e que consigamos ser melhor entretidos neste novo ano.

Nos vemos lá.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Copiando, copiando

Do Omelete, que pegou do Splash Page da MTV gringa:

Uma fala de Geoff Johns, um dos melhores roteristas de HQs da atualidade, que diz:

"O Universo DC representa superar seus medos e fazer a coisa certa. É como se as pessoas mal pudessem esperar pela chegada dos heróis, torcer quando eles voam, esses super-heróis épicos. Seria algo válido mostrar [no cinema] como esses personagens são vibrantes e complexos."

sexta-feira, novembro 28, 2008

Como eu te amo, Tricolor... Como eu te amo demais...

O hexa, antes impensado e inédito, está logo ali na esqunia, sorrindo para nós. E junto desse hexa, vem também outro fato nunca antes ocorrido: o tri seguido.

A alegria de ser são-paulino transborda. É até difícil escrever, pois me dá uma vontade de chorar - o choro da alegria, do orgulho. Pois este não foi um ano fácil. Aquela derrota para o Fluminense doeu muito. Ser eliminado no paulista também.

E continuava a dor de ver o time lá atrás, parecendo patinar sem sair do lugar. Sendo apenas uma espectral figura em comparação com os anos anteriores. Uma sombra, uma sobra.

Mas o comandante Muricy não se abalou. Trabalhou todos os dias. E assim transformou uma equipe desacreditada em um time que agora alcança uma marca histórica.

Se isso não é motivo para ter orgulho, não sei então o que será.

Um único aviso aos outros times: cuidado, pois o Brasil está a caminho de virar a França. Lá, o Lyon ganhou as últimas sete edições e já está na frente esta temporada...

Enquanto esperamos o título, uma entrevista de um verdadeiro são-paulino: Andreas Kisser.


quinta-feira, novembro 27, 2008

Time after time

Mais um ano. Um ano bom, um ano difícil, um ano de vitórias, de conquistas e parcerias. Um ano de medos, de dificuldades, de superação. Um ano de coragem, um ano de amor. Um ano de abertura, de libertação. Um ano de mais alegrias do que tristezas. Um ano às vezes rápido, às vezes lento, mas sempre intenso.

Um ano que se acaba. Outro que se inicia.

Feliz aniversário para mim.

terça-feira, novembro 25, 2008

A campanha funcionou!

Como eu disse logo ali embaixo, tudo em Smallville caminhava para apresentar, definitivamente, o Superman.

Então comecei a campanha "Uma capa para Tom Welling". E não é que o negócio rolou?

Vejam no vídeo abaixo... É como eu disse. Potencial tem.... e muito.




segunda-feira, novembro 24, 2008

Are you ready for some metal?

Bom, diz aí ao lado que sou jornalista e, atualmente, são raras as chances que tenho de colocar em prática uma das mais prazerosas atividades inerentes a essa profissão: a entrevista. Mas o bom é que tenho clientinhos muito bacanas que me passam coisas legais para fazer.

É o caso da Yamaha Musical do Brasil, com os artistas que apóia. Hoje coloco aqui uma conversa que tive com Edu Falaschi, vocalista das bandas Angra e Almah. Nos próximos dias virá outra, dessa vez com Rafael Bitencourt, também do Angra e agora do Bittencourt Project.

Enjoy!


“Eu já estava de olho na Yamaha faz tempo”


Edu Falaschi é conhecido por ser a voz do Angra, uma das mais importantes banda de Heavy Metal não só do Brasil, mas de todo o mundo. Porém, sua capacidade musical vai bem além do canto. Compositor, arranjador e produtor, ele sempre teve contato com a música, por afinidades familiares, e seu primeiro instrumento foi um violão.

E é justamente com os violões que surgiu a oportunidade de parceria com a Yamaha. Edu já conhecia os instrumentos, pois seu parceiro de Angra, Rafael Bittencourt, os utiliza nos shows e gravações. E, em suas próprias palavras, “já estava de olho” neles.

O músico está lançando com o ALMAH, sua outra banda (como faz questão de ressaltar), o álbum Fragile Equality, no qual utilizou violões da linha CPX e Folk. Confira a seguir uma entrevista com este mais novo membro da Família Yamaha.


YAMAHA MUSICAL - Fragile Equality é o segundo álbum do seu projeto solo, o ALMAH. Para quem ainda não teve a oportunidade de conhecer esse som e somente conhece você e seu trabalho pelo Angra, como você apresentaria o disco?

EDU FALASCHI - O mais importante é deixar claro que o AlMAH não é mais um projeto solo e sim uma banda de Edu falaschi, Felipe Andreoli, Marcelo Barbosa, Paulo Schroeber e Marcelo Moreira. Acho que numa equipe, onde todos acreditam no trabalho e se dedicam de forma igualitaria, o resultado final é sempre mais poderoso. Fragile Equality é um dos melhores álbuns da minha carreira, grandes canções, técnica e muita energia.


YAMAHA MUSICAL - Em termos de sonoridade, o que você acredita que é a marca registrada do ALMAH?

EDU FALASCHI - Somos uma banda de Powermetal moderno e sem qualquer tipo de amarras ou limitações de estilo, temos influências que vão desde o Trash Metal, Rock Progressivo até o Metal tradicional.


YAMAHA MUSICAL - Seu trabalho como vocalista é reconhecido mundialmente, mas, lá no início da sua relação com a música, o seu primeiro instrumento foi um violão. Agora, neste álbum do ALMAH, você gravou todos os violões (utilizando instrumentos YAMAHA). Como foi essa experiência?

EDU FALASCHI - Foi maravilhoso! Eu já estava de olho na Yamaha faz tempo, desde quando o Rafael Bittencourt, meu parceiro de Angra, apareceu com suas novas guitarras e violões. Eu os experimentei, principalmente o Silent, por ser uma novidade e me encantei com som encorpado e super bem balanceado nos graves médios e agudos. Também toquei com o CPX15II e o FGX720 e me senti completamente confortável com esses violões. Eu não gosto de braços muito finos nem muito grossos e sempre foi muito difícil eu me acertar com a maioria dos violões, mas a minha integração com esses dois foi imediata.

Nas músicas com mais dedilhados eu usei o CPX15II e nas com mais ritmo e com palhetas eu gravei com o FGX720. O Silent é perfeito para minhas apresentações ao vivo pra músicas que necessitem o violão com cordas de nylon, pois com ele não tenho problemas de realimentação e microfonias desagradáveis. Além de tudo isso, ainda posso contar nas apresentações do ALMAH com o piano elétrico CP33, do qual farei uso ao vivo em algumas canções.


YAMAHA MUSICAL - O que significa para você ter o reconhecimento de ser endorsado por uma marca como a YAMAHA?

EDU FALASCHI - Só por ser uma empresa japonesa eu já me sinto feliz, pois tenho muita ligação com o Japão desde de pequeno, pois tenho dois primos de primeiro grau realmente japoneses, sou casado com uma japonesa, meu carro é japonês, minha primeira viagem ao exterior foi para o Japão, além de eu estar totalmente ligado a cultura do mangá e anime por causa dos Cavaleiros dos Zodíaco, famoso desenho animado japonês, do qual gravei as músicas na versão Brazuca.


YAMAHA MUSICAL - Para 2009, quais são seus planos?

EDU FALASCHI - Pretendo concluir os trabalhos de promoção do álbum Fragile Equality do ALMAH e, se der tudo certo, voltar com o Angra ainda no primeiro semestre. Porém, se for possível conciliar as duas bandas, eu continuarei a trabalhar com o ALMAH até o fim de 2009. Além de continuar a participar em eventos de animê, lançar o livro de mangá, que estou co-escrevendo, o " Fragile Equality - Equinócio - livro 1", talvez gravar um disco de "animetal" juntamente com um astro do rock japonês e produzir o álbum de alguma banda nacional.

terça-feira, novembro 18, 2008

Do the evolution!

Smallville está em sua 8ª temporada e chega um momento crucial. A evolução da série fez com que o esquema do "freak of the week" (toda vez uma nova ameaça de alguém alterado pelos meteoros de Kryptonita) ficasse exausto há muito tempo.

Com isso, novos elementos da mitologia do Superman foram introduzidos, tais como Lois Lane, Jimmy Olsen, a Liga da Justiça (com Aquaman, Arqueiro Verde, Canário Negro, entre outros) e, nesta temporada, a Legião dos Super-Heróis e DOOMSDAY.

Isso faz pensar: a partir do momento em que o vilão que matou o Superman nos quadrinhos começa a aparecer no seriado, alguma coisa precisa ser pensada. Não se tratam mais das aventuras de Clark Kent enquanto jovem. Pode ser, sim, as aventuras do jovem Superman.

Mas por que não se faz isso? Por que não se coloca um uniforme no Tom Welling e assumem logo o Super-Herói nessa história toda? É difícil entender o motivo.

Quem se lembra de Lois & Clark - As Novas Aventuras do Superman sabe que essa dinâmica mais novelesca consegue ser feita e combinar ainda ação e demais atividades "heróicas". Lois & Clark durou quatro longas temporadas.

Smallville tem características muito melhores do que as dessa série, personagens muito mais sólidos - aliás, tem muito mais personagens do que Lois & Clark.

Ou seja, dá para fazer muita coisa.

Então, eu começo a campanha: "Dêem uma capa paro Tom Welling!". E vejam o Doomsday (ou Apocalypse, como dizem por aqui) logo aí embaixo.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Hora de Decisão

O Campeonato Brasileiro está chegando ao seu momento mais decisivo. 5 times ainda têm possibilidades para ganhar o título.

Desde que o torneio passou a ser disputado em pontos corridos, isso nunca aconteceu. Nessa época, nos outros anos, a fatura já estava resolvida. Mais específicamente, em 2006 e 2007, quem levou foi o São Paulo.

E quem está na frente agora? Nenhum outro que não o tricolor do Morumbi.

Domingo, o jogo é contra a retranca do Figueirense, comandada pelo rei do gatilho: Mário Sérgio.
Quem terá mais bala nesse embate? Bom, acho difícil alguém superar a empolagação e a vontade são-paulina.

Fica aqui um incentivo para a torcida. É hora de vencer.

I'm speechless

A pergunta ecoa no ar da noite: "Who watches the watchmen?"


segunda-feira, novembro 03, 2008

E agora? Quem segura o Tricolor do MorumTRI?

Ok, ninguém ganhou nada ainda. Mas para quem estava 11 pontos atrás do líder no início do returno, ocupar agora a primeira posição é ser, no mínimo, competente.

O São Paulo está numa posição em que se acosutmou a ficar nos últimos anos. E da qual, quando chegou nos últimos dois anos, não saiu mais.

Em 2008 a batalha está muito mais complicada de ser vencida. Só que ninguém mais duvida de Muricy Ramalho e de seus jogadores.

Faltam somente seis jogos. Invevitável dizer: será como na Fórmula 1 - emoção até a última curva, ou, nesse caso, até o último apito.


quinta-feira, outubro 30, 2008

Rock this town

São Paulo tem a incrível capacidade de ser plural em termos culturais. É possível ver de absolutamente tudo por aqui.

Tanto é, que muita gente acaba nem saindo de perto de casa, achando que ali mesmo consegue ter um vislumbre completo de todo esse universo.

Não é bem assim que as coisas funcionam na prática. É exatamente o tamanho avantajado da cidade que amplia suas possibilidades.

Um ótimo exemplo da pluralidade que a cidade oferece ocorreu no último domingo, no Tonton Jazz. Lá aconteceu o lançamento do vídeo clipe da banda/dupla Jack Jeans.

O que eles tocam? Nada mais, nada menos do que o bom e velho rock n' roll. Ou, melhor dizendo, rockabilly. E tocam bem como muito poucos.

O que mais chama a atenção é que o bar estava lotado e, diferente do que se pode imaginar num primeiro momento, não eram saudosistas que lá estavam. Muita gente nova, curtindo um estilo musical com mais de 50 anos.

As festas rockabilly rolam em São Paulo desde que o estilo voltou, no início da década de 80. Estão sempre pululando pelo underground paulistano. E chegam até a ocorrer em locais mais mainstream, como o próprio Tonton, em Moema.

No caso da Jack Jeans, vale a ressalva de que o vocalista e guitarrista Leandro Martins e sua parceira Wanice Ferry são daqueles músicos que enchem o palco e te fazem pensar porque tem gente que ainda dá atenção para bandas de moleques de 14 anos que não sabem nem como pegar numa guitarra direito.

Mas essa é uma outra discussão.

Fica aqui o clipe. Quem gostar que os procure por aí, na noite dessa cidade louca e completamente cosmopolita.


sexta-feira, outubro 24, 2008

Flick geek

O maior clássico das histórias em quadrinhos, Watchmen, está virando filme. É a grande aposta dos estúdios Warner para tentar fincar o pé de maneira mais forte num mercado que está, cada vez mais, dominado pela Marvel – que além de publicar HQs, também está produzindo filmes. A Warner é somente dona da DC.

Enquanto a Mavel já fez, “em casa”, filmes como o honesto Incrível Hulk e o sensacional Homem de Ferro, a Warner alterna altos e baixos como o (baíxíssimo) Mulher-Gato e (a maravilha) O Cavaleiro das Trevas.

E é a história de ser dona que muda toda a relação. A Marvel já está interligando todos os filmes e criando algo comum nos quadrinhos: um universo. O conceito de universo tem como premissa que todos os personagens convivem no mesmo tempo/espaço. Ou seja: se o Hulk, por exemplo, destruir Nova York, o Homem de Ferro pode ficar sem seu escritório na Stark Tower.

Isso está criando uma expectativa enorme não só nos fãs das revistas, mas em todos que gostam de bons filmes. Exemplo: como bem disse o pessoal do Omelete, tem mais gente preocupada em ver um suposto Capitão América congelado numa cena cortada do filme e agora extra do DVD, do que efetivamente com a aventura do monstro esmeralda.

Voltando a falar de Watchmen, tudo que apareceu até agora demonstra que o filme vai ser bombástico. A Graphic Novel teve – e ainda tem – o poder de atrair quem é de fora do “mundinho” das HQs. Mas tenho dúvidas se o filme causará o mesmo efeito.

Como eles seguiram muito fielmente a obra original, o filme se passará na década de 80. Realmente tenho dúvidas se a maior fatia do público atual (adolescentes e recém-entrados na casa dos 20) vai conseguir se ligar do que era o clima tenso da Guerra Fria.


segunda-feira, outubro 20, 2008

Manifesto por São Paulo

Os mais atentos devem ter notado: na barra ao lado há um banner para um movimento de blogueiros que apóiam a reeleição do Kassab em São Paulo.

O primeiro ponto a ser ressaltado nessa história é que não há como não ser político. O mero ato de se declarar apólítico demonstra uma posição.

Aqui neste blog, por diversas vezes, assumi algumas posições. Notadamente, na primeira eleição de Lula, votei no mesmo e demonstrei minha opinião aqui. E depois comentei sobre minha imensa decepção.

Agora, coloco minha opinião sobre a cidade de São Paulo. Lembro-me muito bem de quando Marta Suplicy se elegeu. Sua gestão causou em mim a mesma decepção que Lula. Sua única ação positiva foi o Bilhete Único.

Vejo a gestão de Kassab sendo muito mais efetiva. Marta, certamente, transformará a Prefeitura em um imenso cabide de empregos e acabar com coisas boas que Kassab fez, como o Cidade Limpa, por exemplo.

Por essas e por outras, por São Paulo, voto Kassab.

Vejam quem mais está nessa:




quinta-feira, outubro 16, 2008

"Audaciosamente indo..."

É fato que ser nerd tá na moda. Mas algumas coisas são mais nerds que outras. Hoje, qualquer um assite Heroes e se faz de bacana, se diz in.

Mas nerd mesmo é aquele que entende 100% das piadas de The Big Bang Theory. Esses (como eu), devem estar se coçando com isso:


Comentários rápidos:

- Zachary Quinto tem tudo pra ser um excelente Spock. Esse olhar vazio, seco... parece promissor.

- Chris Pine é "limpinho" demais para ser Kirk. Too much of a choir boy.

- J.J Abrams tem uma mão boa pra TV, mas um filme com tanta "carga" quanto Star Trek? Ainda tenho dúvidas... Ele diz: "Eu acho que as pessoas esqueceram o que Star Trek significa".
Soa marketeiro. Mas nesses tempos, quem não é?

Aguardemos.

0 x 0! Que vergonha!

Não há o que dizer. Dunga demonstra cada vez mais estar completamente perdido, sem a mínima noção de tática.

Nem treinar o time treina.

Repito: ele deveria assistir ao clássico do próximo domingo, São Paulo x Palmeiras. Será uma aula, não há dúvidas.

Mas bom mesmo seria se qualquer um dois dois técnicos desse jogo assumisse o time canarinho.

A vergonha continua.

terça-feira, outubro 14, 2008

A diferença que uma pessoa pode fazer

O jogo da seleção contra a Venezuela no domingo, dia 12 de outubro, foi (com o perdão do trocadilho) uma brincadeira de criança.

O adversário brasileiro não está, nem de longe, no mesmo nível dos outros no continente. É sempre bom lembrar que o futebol é apenas o quarto esporte na Venezuela, atrás de baseball, basquete e vôlei.

Mas, ainda assim, valeu para ver Kaká em campo liderando o time para frente, em busca constante pelo gol. Porque não há nada mais enervante do que essa péssima mania que o time comandado por Dunga tem de pegar a bola, parar e tocar de lado.

Kaká tem por característica principal o foco direto no gol. Seja para ele próprio finalizar- como aconteceu no primeiro gol -, seja para passar e colocar algum companheiro na cara do goleiro.

Sintomática mesmo nessa partida foi a atitude de Kaká, bem no final do primeiro tempo, com o Brasil já ganhando de 3 a 0, quando o camisa 10 recebeu na lateral esquerda e viu o time todo atrás, com aquela preguiça característica da Era Dunga.

Ali ele parou e gritou com os companheiros, chamando-os à frente, para buscar fazer mais gols. Nada mais óbvio, visto que esse é o objetivo do jogo.

Agora resta saber como será o comportamento amanhã, jogando contra a Colômbia. O Brasil não ganha duas partidas seguidas nas eliminatórias desde 2004, ainda para a Copa da Alemanha.

Dunga ainda não convence. Continua fraco e sem noção tática nenhuma. O time sempre joga do mesmo jeito. Aliás, ele bem que poderia assistir São Paulo X Palmeiras neste final de semana para ter uma aula de como montar um time de acordo com o adversário.

A diferença é que em campo agora, pelo menos, há alguém que tem verdadeira vontade de ganhar.

sexta-feira, outubro 10, 2008


Impressionante

Alex Ross continua em plena forma. Capa do jogo Mortal Kombat X DC Universe.

Mas bom mesmo ia ser se o jogo todo fosse baseado em sua arte.






New Jersey, um pedacinho da Itália

Com 86 episódios em seis temporadas, The Sopranos foi um dos maiores sucessos da história da HBO. Ganhou nada menos do que 21 prêmios Emmy e cinco Golden Globes.

Agora o Warner Channel está reprisando a série desde o início, dando a oportunidade a quem não tinha HBO (a maioria do público no Brasil) de conhecer essa ótima série.

A premissa é, relativamente, simples: mafioso que assume o lugar do pai nos negócios da família começa a fazer terapia, muito em função dos problemas com sua mãe.

A partir daí, todo o drama se desenrola com ênfase nas relações familiares totalmente contaminadas pelo mundo de crime e corrupção em que Tony Soprano, o personagem principal, vive.

Os primeiros episódios valem pelos emblemáticos diálogos de Tony com sua terapeuta. A ausência completa de moral e de remorso por suas atividades causa no espectador um efeito engraçado e, ao mesmo tempo, assustador.

Mas esse impacto todo só foi possível de ser alcançado pela atuação excelente de James Gandolfini como Tony. Com um simples olhar ele consegue passar de pai amoroso a assassino frio, carregando de tensão cenas simples e corriqueiras.

Abaixo, um resumo da primeira temporada, em gloriosos três minutos de You Tube.

segunda-feira, outubro 06, 2008

1966

A década de 1960 entrava em sua segunda metade. Revoluções ocorriam e o modo de pensar estava mudando.

Para crianças e jovens, uma influência se tornava ainda mais forte. Algo nascido 30 anos antes: os super-heróis.


sexta-feira, outubro 03, 2008

Assim não dá!

Olha a lista:


Cyndi Lauper
Divulgação
13/11
Via Funchal (SP)


Judas Priest
Divulgação
Dias 15 e 16/11, às 22h
Credicard Hall (SP)

Duran Duran
São Paulo
Datas: 21 e 22 de novembro
Local: Via Funchal

Queen
São Paulo
26 e 27 de novembro no Via Funchal.



Pô, assim fica difícil... todo mundo no mesmo mês, alguns na mesma semana!!!
Mas há salvação

Por outro lado, pelo menos deram espaço para Mallu Magalhães, que faz tudo antigo, mas que ao mesmo tempo é novo pra caramba.

Life is a circle, indeed.


Silêncio

Um país em que a "banda" NX Zero é mais festejada em uma premiação da MTV, que supostamente é o pináculo da vanguarda musical, não merece nada além de silêncio.......................................................................................................................................

Mais (ou menos) aqui.

terça-feira, setembro 30, 2008

Soundtracks

“Ally McBeal” foi uma série que teve temporadas de 1997 a 2002. Apresentou para o mundo a atriz Calista Flockhart, que interpretava a personagem-título. Tratava do dia-a-dia de um escritório de advocacia com um monte de gente maluca e estava focado, em especial, nas relações que se estabeleciam entre os advogados e também desses com os clientes.

Durante o período áureo da série (as três primeiras temporadas, especialmente), Calista se tornou a “namoradinha da América” – apesar de muitas feministas a acusarem de ser um péssimo exemplo para as mulheres, por ser frágil demais.

Independente desse debate, “Ally McBeal” tinha algo de muito especial: sua trilha sonora. A música era sempre uma parte fundamental do show, muitas vezes com os próprios atores cantando. Além de participações especiais de grandes nomes, de Barry White, passando por Elton John até Mariah Carey.

Exibido atualmente na Fox Life, vale pela nostalgia e também para quem não conheceu ver um seriado feito com um cuidado redobrado no roteiro e na caracterização dos personagens. Sem apelar para efeitos especiais ou invencionismos exagerados, como mais se vê hoje em dia.

Na cena abaixo, vemos Robert Downey Jr (que entrou para o elenco na 4ª temporada, como namorado de Ally), cantando Every Breath You Take, ao lado de ninguém menos do que o próprio Sting.

Puro estilo, baby.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Justiça?

As Olimpíadas já foram, o Brasil já jogou pelas elmininatórias e ontem o Dunga convocou de novo a seleção.

A pergunta que não quer calar é: Thiago Silva (Fluminense) é melhor do que Miranda (São Paulo)?

Como gritou a torcida no Engenhão: ADEEEEEEEEEEUS, DUNGAAAAAAAAAAA, ADEEEEEEEEUS, DUNGAAAAAAAAA.

terça-feira, setembro 23, 2008

Viagem ao centro da música

Atolado de trabalho, estou com muitas dificuldades de atualizar o blog. Mas, para não acabar perdendo o hábito novamente, vou falar de trabalho – porque tenho a grande felicidade de trabalhar com coisas legais.

A partir de amanhã, por exemplo, estarei “internado” no mundo da música. Acontece aqui em São Paulo a Expomusic. A feira é o maior evento da América Latina do setor de instrumentos musicais, equipamentos de áudio e de iluminação.

E o estande da Yamaha Musical será um dos mais agitados. Além dos instrumentos, que são o sonho de consumo de todos os músicos: dos hobistas aos profissionais, diversas atrações prometem empolgar o público.

Durante os cinco dias de feira, os músicos-demonstradores, além de auxiliar aos curiosos na hora da experimentação, irão se reunir de hora em hora em um palco dentro do estande, tocando clássicos da música e interagindo com os presentes.

Na sexta-feira, dia 26, às 16h, o tecladista Henrique Portugal, do Skank, estará no estande distribuindo autógrafos. Logo na seqüência, às 17h, o guitarrista do Angra, Rafael Bittencourt fará um pocket-show com uma hora de duração e também autografará para os fãs depois. Ele será acompanhado pelos Night Rockers: Marcell Cardoso (bateria) e Felipe Andreoli, também do Angra, no baixo.

Já no sábado, 27, o baterista Pingüim (ex-Charlie Brown Jr) estará animando o estande da Yamaha a partir das 14h. Às 17h, mais um pocket-show de Rafael Bittencourt e Night Rockers, seguido de autógrafos para os fãs.

São eles também, Rafael Bittencourt e os Night Rockers, que no domingo, dia 28, fecham a semana de Expomusic com mais um pocket-show, a partir das 15h. E as 18h, é hora da Almah, o projeto-solo de Edu Falaschi, vocalista do Angra, atender aos fãs em uma tarde de autógrafos.

Recomendo a todos que estiverem por São Paulo e gostarem de música!

ONDE E QUANDO?
EXPOMUSIC
24 e 25 de Setembro - Restrito aos profissionais do setor

26, 27 e 28 de Setembro - Aberto ao público em geral

Horário:
das 13h às 21h

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quinta-feira, setembro 11, 2008

123 Testando

Eu não deveria mais fazer isso, pois agora este é um blog supostamente sério.

Mas fiz o teste e tinha que colocar o resultado aqui.


Which Superhero are you?

You are Superman
Superman
90%
The Flash
60%
Supergirl
57%
Spider-Man
55%
Robin
54%
Green Lantern
50%
Wonder Woman
42%
Iron Man
40%
Batman
35%
Hulk
35%
Catwoman
20%
You are mild-mannered, good,
strong and you love to help others.

Achei interessante o Flash ficar em segundo. Creio que é o Flash Barry Allen, porque não sou muito Wally não.

(OK, essa última frase foi extremamente nerd, então quem não é do ramo, ignore).

quarta-feira, setembro 10, 2008

Ordinary people can change the world

Poucos dias atrás eu falei aqui sobre um cara que admiro muito, o autor Brad Meltzer.

Meltzer recebeu o Eisner Award este ano por uma história publicada em Justice League of America #11 (já publicada aqui pela Panini, Liga da Justiça # 69).

O Eisner é um tipo de Oscar dos quadrinhos. É a maior honraria que um artista dessa área pode receber.

Brad recebeu o prêmio das mãos do mothafucker himself, Samuel L. Jackson. E fez um discurso de arrebentar, que pode ser visto logo aqui embaixo. A melhor frase, disparada, é a seguinte: "Heróis não são as pessoas que vencem, são aquelas que tentam".

É pra se pensar. Vejam o vídeo completo (em inglês):


Como se não fosse suficiente, Brad está organizando um movimento para salvar a casa em que Superman foi criado, 70 anos atrás, por Jerry Siegel e Joe Shuster. Mais um vídeo:


É isso aí. Pessoas comuns realmente podem mudar o mundo. Mas será que elas querem?
Uma entrevista e muita história

Internet é mesmo um negócio de maluco. Lá pelos idos de 2004 eu trabalhei numa grande empresa da área de recursos humanos e, uma das minhas funções, era entrevistar presidentes de empresas e empreendedores de sucesso.

A última entrevista que fiz nesse trabalho foi com Caito Maia, criador da Chilli Beans. Essa matéria foi publicada em Janeiro de 2005, quando eu já nem estava mais naquela empresa. Mas foi um sucesso estrondoso. É difícil falar isso de algo jornalístico, mas é a verdade. Até hoje não passa um mês em que pelo menos uma pessoa, seja um estudante fazendo trabalho ou um futuro empresário querendo comprar uma franquia da Chilli, me procure.

Já fiz vários contatos profissionais por conta disso, já tive clientes que contrataram minha empresa porque me conheceram por meio dessa entrevista. E já que tanta gente gosta, resolvi colocar aqui no blog, para fazer rodar ainda mais essa história. Espero que quem ainda não leu aprecie. O original está no site da Catho.


CAITO MAIA E A CHILLI BEANS: QUESTÃO DE ESTILO


* Thiago Costa

Jovem, decidido e com uma visão sobre negócios no varejo que deixa para trás vários teóricos do assunto. Este é Caito Maia, dono de uma das marcas que mais cresceu no Brasil na última década.

A Chilli Beans se tornou uma referência não só no mercado em que está inserida – de acessórios, mais especificamente de óculos escuros - mas também no que se refere a franquias. Com mais de 80 lojas espalhadas por todo o Brasil, a empresa tem planos de expansão ousados: chegar até a Europa e os Estados Unidos, tornando-se o primeiro fenômeno de marca brasileira com crescimento real no mercado externo.

Com uma simpatia e simplicidade que enchem os olhos, Caito Maia concedeu uma entrevista marcada por seu bom humor e sua emoção, que vinha à tona principalmente nos momentos em que contava como conseguiu construir "do menos nada", como ele próprio diz, um negócio sólido e muito próspero. Confira abaixo a história de alguém que nunca deixou de acreditar em si mesmo e naqueles que estavam ao seu lado e, com isso, alcançou resultados extraordinários.


Carreira & Sucesso: Como começou a sua história?

Caito Maia: Sou completamente autodidata. Viajei muito pelo mundo, e quando estava na Califórnia, acabei percebendo que ali era o maior berço do varejo e que eu teria muito para aprender. Comecei a prestar atenção em coisas do varejo que eram muito legais. Eu estava numa praia chamada Venice, freqüentada por todo tipo de gente: punks, executivos, o pessoal do rock n’roll. Naquela praia, as pessoas compravam óculos, que eram objetos bem baratos, para representar estas personalidades. Então, se num determinado dia a pessoa queria ser um punk, ela comprava um par de óculos que indicava isso e ali na praia se soltava. Observando isso, fiz negócio com um fornecedor de óculos de lá, trouxe uma carga para o Brasil e meus amigos começaram a comprar. Vendi tudo! Aí entrou uma coisa minha: eu nunca me contentei, sempre quis mais. Então, chegou a um ponto em que falei para o meu fornecedor: quero comprar tudo (risos)!

C&S: E qual foi o próximo passo?

CM: Comecei a comprar, comprar, comprar... Então chegou o momento em que precisei constituir uma empresa. E neste momento fui bem agressivo no mercado. Eu sempre tive facilidade em identificar quais eram os modelos dos quais as pessoas iam gostar. Quando eu chegava com o mostruário, ninguém acreditava que eu tinha aquela modelagem num preço tão bom. Então, o que chegava vendia. Mas eu me compliquei por falta de apoio. Não tinha capital de giro. Vendia muito, mas com prazos longos e com margem de lucro muito pequena.

C&S: Como foi esse processo?

CM: Sabe, isso me deixa até um pouco revoltado. É um absurdo! Eu sempre digo que um dia vou ficar muito rico e poderoso e vou ajudar outros empresários. Quero ter uma ONG que capte dinheiro no mercado e repasse para quem quer ir para frente. É uma judiação ver que no Brasil tem muita gente legal, com muita capacidade, que não vai para frente por falta de apoio. O que aconteceu comigo é que vendi tudo, mas não tinha dinheiro para comprar mais. Eu não tinha ninguém para me ajudar, nunca tive pai rico. Se eu fosse procurar no mercado o dinheiro vinha, mas com juros enormes. Se fosse por este caminho, estava morto. E eu nem tinha uma grande estrutura. Vendia no atacado, de dentro de um depósito. Era eu e minha mala, dentro de um carro, saindo por aí. Saí, então, do atacado e fui para o varejo.

C&S: Fale sobre essa mudança de foco...

CM: Dei um passo para trás, analisei melhor minhas possibilidades e recomecei. Fui para o Mercado Mundo Mix e abri um estande. Digo sempre que lá é a melhor escola de varejo do mundo.

C&S: Por quê?

CM: Porque você tem que mudar a "cara" da loja três vezes num único dia! Nós mudávamos de acordo com a observação do público. Se as pessoas eram mais esportivas ou mais básicas, a loja ficava com cara delas. O valor dos produtos ia se alterando com o passar do dia. Era uma feira mesmo, então, exigia agilidade e rapidez. Tinha que escutar o cliente, ver o que estava funcionando, o que não estava e seguir. Não dava para ficar parado. Tinha que inventar, chamar a atenção, não importava como: ficando pelado, plantando bananeira. Esse era o jeito (risos). Eu estou brincando, mas isso é muito sério. Hoje em dia, o líder do mercado, em qualquer segmento, tem que mudar constantemente para agradar ao cliente. A Chilli Beans toda semana tem produto novo. Tem que ter coisas novas, tem que mexer. O cliente tem que entrar na loja numa semana e ser de um jeito, e da próxima vez que ele entrar, deev algo completamente diferente. Esse é o novo varejo.

C&S: Esse foi o grande aprendizado do Mercado Mundo Mix?

CM: Sim, essa agilidade eu peguei de lá. Muitas outras coisas eu aprendi lá. Por exemplo, o Mundo Mix tinha uma rádio e eu era DJ. Eu mesmo fazia meu anúncio, bolava as promoções e corria atrás. Hoje, com 85 pontos de venda, uso a experiência de varejo que adquiri no Mercado Mundo Mix. Por conta disso, sei qual é o perfil do mineiro, do gaúcho e dos demais consumidores brasileiros.

C&S: Hoje suas lojas funcionam no sistema de franquias, mas no início não era assim. Como foi a evolução?

CM: Depois do Mercado Mundo Mix, abri uma loja na Galeria Ouro Fino, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Em seguida, abri um primeiro quiosque no Shopping Villa Lobos, que explodiu de vendas. Foi uma loucura! Isso foi em outubro de 2000. No ano seguinte abri mais três pontos: nos Shoppings Eldorado, Iguatemi e Morumbi. Começamos por cima e depois fomos seguindo. Nesta época, já surgiram propostas para franquia. E o mais louco de tudo isso é que a marca ainda estava em formação. A franquia foi para a rua antes de estar pronta. E eu, obviamente, usei essa demanda como financiamento. Captei dinheiro para poder crescer. Isso me ajudou muito no crescimento e no meu posicionamento frente ao mercado. O engraçado é que a única franquia que não deu certo foi a primeira, de Maringá. Mas vendo o que passamos e nossa situação hoje, eu digo que é muito teórico e hipócrita vender uma franquia sem a ter colocado no mercado. Nós já fizemos. Nossa franquia é testada e aprovada.

C&S: Você tem subsídios práticos que comprovam o sucesso do seu negócio...

CM: Exatamente. Conheço o caminho das pedras. Sei dizer quando atacar, onde atacar, quando segurar mais. Sou um cara honesto. É claro que para a minha marca seria muito interessante estar numa loja de shopping, mas eu digo para quem chega até aqui que se ele tem a possibilidade de começar com um quiosque, vá por essa alternativa. Nesta opção, ele pode se colocar no corredor e observar o movimento, consegue determinar se aquele shopping em que ele está entrando é legal ou não e qual é a melhor posição. Depois de um ou dois anos, se estiver bem, o investimento já está provando ser válido e aí, sim, vale a pena partir para uma loja. São certas coisas que vêm acontecendo e que nós passamos de experiência para o franqueado. Quando se vai montar uma loja, ela precisa ser a melhor loja, num ponto muito bem escolhido. Mas o ser humano erra, e isso é normal. Por isso é vantagem começar no quiosque. Outra vantagem é ficar esperando o melhor ponto.

C&S: Observando a história da empresa, é possível ver que as coisas aconteceram bem rápido para você. Já são mais de 80 lojas?

CM: Sim. Mas sem perder o controle. Eu gosto de perguntar para os franqueados como estão as coisas, de fazer um acompanhamento. Acabei de fazer uma turnê pelo Brasil inteiro – de Manaus a Porto Alegre -, passando em todos os pontos de venda.

C&S: Você acredita que essa proximidade é um dos fatores que fazem a Chilli Beans ser a marca conhecida e respeitada que é hoje?

CM: Acho que sim. Tem algumas coisas que eu fiz que ajudaram a Chilli Beans a ser o que é. A primeira foi acabar com vários pontos de venda que tinham a Chilli Beans, porque uma empresa como a nossa tem, basicamente, três alternativas: loja própria, franquia e multimarcas. Essa última é a pior coisa que se pode fazer com uma marca, porque você vai vender para alguém que não tem conceito, que vende do jeito que quiser, que não tem cuidado algum. Além disso, o pagamento é sempre proporcional à saída do produto: se estiver vendendo, paga; se não vender, não paga. Eu valorizei o produto Chilli Beans.

C&S: Você tirou o produto de todas as lojas multimarcas?

CM: Sim, acabei com tudo. Queriam me matar (risos). Hoje, os óculos Chilli Beans só são vendidos em lojas e quiosques credenciados. A diferença que notamos depois disso é violenta. A marca ficou mais forte no mercado, mais respeitada e credibilizada. Eu valorizei meu franqueado, agreguei valor à marca.

C&S: Como ficou a sua relação com os franqueados depois?

CM: Acho que, no caso das franquias nacionais, existe o antes e o depois da Chilli Beans no mercado. A margem de lucro dos nossos franqueados é a maior do mercado. Nós já cansamos de mudar as coisas por aqui, e estou falando de preço mesmo. Temos um cuidado muito grande com tudo na nossa empresa. Se eu me sento ao seu lado e as coisas não estão acontecendo para você, não adianta. A palavra "negócio" só vale se eu e meus parceiros tivermos lucro. Isso é muito sério. O negócio Chilli Beans não é uma coisa para você entrar e sair depois de dois anos. É para ficar a vida inteira. Eu ouço muito meu franqueado.

C&S: Dentro deste contexto, como está sendo a evolução da Chilli Beans?

CM: Há um ano e meio tenho investido fortemente em qualidade: materiais diferenciados, banhos a mais nos óculos para ficarem mais resistentes e desenvolvimento próprio de todas as peças. Parece pouco, pois as saídas são pequenas, mas no fim é muito dinheiro. E eu não repasso isso para o meu franqueado. Estou ganhando de outro jeito, e esta é a forma de pensar na Chilli Beans. Vou dar um exemplo. Participei há pouco tempo de um encontro em Hong Kong, pois fomos escolhidos a empresa líder de mercado da América Latina. Eu estava na abertura de uma das principais feiras de lá, ao lado de mais nove empresários. Fechamos acordos e estamos muito bem com as fábricas da China. O custo do nosso produto caiu e aumentou a nossa margem de lucro. Mas esse "extra" eu não vou por no bolso. Vou investir em qualidade!

C&S: E isso acaba refletindo na posição em que sua empresa se encontra?

CM: Sim, mas nem todo mundo pensa assim. Tem gente que põe o dinheiro no bolso e sai comprando navio, carro conversível... Mas eu acho que essa não é a idéia. Acredito que nós, empresários, temos que pensar sempre em plantar para conseguir colher bons frutos no futuro. Não adianta ganhar dinheiro agora para perder daqui a três anos. Meu investimento é sempre em qualidade.

C&S: Vocês atuam num sistema similar ao da Nike e de outras grandes marcas mundiais, ou seja, não possuem uma fábrica ou produção direta. Fale um pouco sobre esse sistema.

CM: Na minha opinião, uma empresa moderna tem que saber focar. Meu negócio é conceito, marca. Comparo sempre com a indústria musical porque fui músico durante 12 anos. Na época em que comecei, havia a CBS, que hoje é a Sony, e a CBS tinha um estúdio enorme onde eram feitas todas as gravações. Hoje isso não existe mais, pois cada artista tem seu próprio estúdio. O negócio da Sony não é gravar, então, eles não gravam mais. Por isso tenho um parceiro que é a fábrica. Lembro sempre de uma coisa que eu ouvia quando era moleque: "o pai do fulano é industrial". Hoje, não existe mais o "industrial". Não vou por esse caminho. Vou pela criatividade. O meu negócio é desenvolver produto. Para isso, busco parceiros, terceirizo fabricantes e faço o que for melhor para mim.

C&S: Mas nem pensa em ter uma fábrica?

CM: Adoraria, um dia, ser sócio ou até mesmo comprar uma fábrica brasileira. Sabe, sou um patriota violento... Tenho a bandeira brasileira desenhada no meu coração. Amo muito mesmo o Brasil. Mas é uma questão de negócios, temos de ser realistas. Então, todas as fábricas que atuam para mim estão na China.

C&S: É difícil controlar a qualidade dos produtos a distância? Você sempre recebe exatamente o que pediu?

CM: Hoje funciona assim: tenho um escritório em Los Angeles que coordena as atividades na China. E a comunicação com este pessoal é muito boa. Para você ter uma idéia, eu pago mais caro pelo produto por essa ponte que é feita em Los Angeles. Mas vale muito a pena. O design também é desenvolvido lá. Acabei de voltar dos Estados Unidos, onde passei dez dias "internado" dentro de um escritório, trabalhando das 8h às 20h, desenvolvendo a nova coleção de 90 modelos.

C&S: Pensando em atingir o público com a chegada do verão...

CM: Não sigo esta idéia de verão. Veja só, o sorvete no Brasil sempre foi tratado como um produto de verão, enquanto na Europa é visto como alimento. Essa é a diferença. Eu não vendo óculos de verão. Não faço mais do que a minha obrigação de vender no verão, mas eu não quero só isso. Para você ter uma idéia, meu recorde de unidades vendidas foi em Campos do Jordão, na alta temporada do inverno. Este é o objetivo. Estou vendendo estilo.

C&S: As lojas da sua marca têm um estilo muito peculiar e são marcadas por um atendimento muito bom. Qual é o valor do cuidado com o consumidor?

CM: É muito mais do que cuidado. Pensa bem... o consumidor é a parte mais importante disso tudo. Você tem obrigação de tratá-lo bem. No varejo, o mínimo é você saber o que o consumidor quer e dar isso a ele, facilitar a vida dele. Porque isso vai dar retorno.

C&S: E como fazer para garantir essa mesma filosofia em todas as lojas da franquia?

CM: Em primeiro lugar, temos a política de trocar os óculos que apresentarem qualquer problema. Todas as lojas sabem disso, e sabem que não vão perder nada trocando uma peça. Se um cliente chega mostrando um par de óculos que começou a descascar ou um risquinho quase imperceptível, eu ordem sempre é trocá-lo. Às vezes, o pessoal reclama, diz que tem gente que abusa. Mas até o limite do bom senso, nós trocamos sempre. A grande sacada é mostrar para o franqueado que agir dessa forma vale a pena. Uma das lojas que tem melhor resultado na nossa rede é a de Recife. Sabe o que o franqueado de lá faz? Uma semana depois que alguém compra nossos óculos ele liga para o cliente e pergunta se está tudo bem, se tudo está correndo como esperado. Eu repasso essa experiência dele para os outros, que sempre vão querer ter um resultado ótimo como o daquela loja.

C&S: Como estão os planos para a expansão internacional da Chilli Beans?

CM: Nós queremos crescer com solidez. Lutei muito para conseguir o que tenho hoje e não quero perder isso de jeito algum. É a minha vida. Sem isso aqui não sou nada. Por isso quero ter segurança para crescer. Várias marcas tiveram problemas graves por tentarem seguir sem solidez. Não param de chegar pedidos da Europa e dos Estados Unidos. Ainda não é o momento, mas ele está bem próximo. Mas, pela nossa experiência, vemos que falta o parceiro ideal. Só que não tenho dúvidas: nós seremos o primeiro fenômeno brasileiro de crescimento real lá fora. Estou me preparando para isso. Faltam poucos detalhes...

C&S: Você já analisou o mercado lá de fora, já sabe quem vai comprar seus produtos?

CM: Sim. O público que vai consumir lá é o mesmo daqui: todo mundo que gosta de estilo, de conceito, de rapidez e agilidade. Isso tudo dentro de uma loja super bem pensada, com displays bem atuais. Hoje, na Europa, por incrível que pareça, isso não existe. Eles não têm uma loja de conceito. Do nosso jeito, não tem. É por isso que eu digo: "quando bombar, vai bombar forte".

C&S: O preço dos produtos que você vende, em média, são menores do que os dos seus concorrentes diretos – mas com a mesma qualidade ou até superior. Qual é o segredo (se é que existe algum)?

CM: Trabalhar direitinho. Só isso. Tenho alguns franqueados que são da geração antiga, de 1.000% de margem de lucro. Eles chegam pra mim e dizem que se eu vendesse óculos por R$ 150,00 as peças venderiam como água. Dizem que não estamos atacando o mercado de R$ 150,00. O que eles não perceberam é que estamos atacando, sim, porque a pessoa vai até a loja e não compra um, mas sim dois óculos. Esse é o nosso jogo.

C&S: Falando agora um pouco sobre você... Fale um pouco sobre essa experiência de ser músico.

CM: Sempre tive um tino comercial. Mas desde moleque eu queria ser músico. Tive uma banda durante 12 anos. Fui vocalista de uma banda que ficou até bem conhecida, a "Las chicas tienen fuego". Fizemos shows pelo Brasil inteiro. Estávamos para assinar contrato com uma grande gravadora. Até hoje muita gente me pergunta sobre a banda. Mas a vida é muito louca e hoje estou aqui, vendendo óculos. A música tem uma ligação muito forte com a Chilli Beans porque estamos ligados ao estilo, ao visual. E é por isso que ela acontece. Porque é de verdade.

C&S: Você passou também por uma transformação radical na parte física, emagrecendo 50 quilos em seis meses...

CM: Sempre fui gordo. Fui para a Califórnia fazer faculdade de música e lá eu "pirei". Comecei a correr, a fazer abdominal como um louco. É óbvio que quando você tem 17 anos de idade tudo é mais fácil. Hoje eu malho, me mato, mas não consigo o mesmo resultado. Mas foi uma loucura mesmo. Imagina o que é nenhuma mulher te olhar até os 16 anos. Aí, depois, eu virei modelo! Para a cabeça de um jovem isso é muito louco. Isso conta muito para a vida. Experiências fortes deixam a gente com mais fibra. Você passa a dar mais valor para tudo, passa a ter mais sentido. Você acredita mais nas coisas. Por isso eu me emociono quando conto minha história, porque é tudo muito de verdade. Não sou uma pessoa de mentira, construída pela mídia. Tudo que eu tenho é de verdade.

C&S: Isso acaba dando uma outra cara para sua empresa?

CM: É claro! O grande sucesso da Chilli Beans está nas pessoas que trabalham comigo. Sem elas eu não sou nada. Sem querer me menosprezar, mas a galera que está aqui é radical. São muito bons. Eles "morrem" pela Chilli Beans e sem eles nada acontece. Não consigo fazer sozinho. Sem isso não conseguiria o que consegui. Sabe, eu às vezes agradeço as pessoas daqui por um bom trabalho e elas olham para mim assustadas, pensando que não fizeram mais do que a obrigação. Mas não penso assim. Para mim não é assim mesmo.

C&S: Como você conseguiu formar uma equipe tão boa?

CM: Sempre me preocupei muito com o lado pessoal e com a questão financeira dos funcionários. E eu acredito que pessoas do bem chamam pessoas do bem. O bem chama o bem e o mal chama o mal. Já tivemos pessoas do mal aqui e elas não agüentaram ficar um mês. Você vê que elas ficam incomodadas. Aqui as pessoas se gostam e se respeitam. Ninguém no mundo consegue construir uma empresa sem gente boa ao seu lado. Não adianta também centralizar o comando; tem que saber dividir. Já tentaram me colocar numa sala isolada do pessoal aqui, mas eu não deixei. Sou igual a todo mundo. Muita gente diz que "Quanto mais você dá, mais as pessoas querem". Isso é mentira! Quanto mais você dá, mais você recebe. Ninguém na Chilli Beans me vê como o patrão, mas sim como um amigo e um parceiro.

C&S: Quem é a pessoa que você procura para fazer parte da sua equipe?

CM: Procuro quem tem profissionalismo e bom senso. Quero pessoas que olhem para o futuro, que não tenham pressa, que queiram mais. Pessoas que procurem se desenvolver em seu próprio meio. Que se adaptem bem às novas situações. E tem que ter honestidade, como é o caso de todo mundo que está aqui. Aqui dentro, se sinto que a pessoa tem possibilidade e capacidade, abro o caminho para ela crescer.

C&S: O que você tem a dizer para quem está começando a carreira?

CM: Gostei desta pergunta, pois o principal motivo de eu dar palestras pelo Brasil afora é para dizer coisas assim para os jovens. E o que tenho a dizer é: acredite, seja sério, determinado e paciente. Porque eu, Caito Maia, dono da Chilli Beans, sou um exemplo vivo de que do nada você pode construir uma empresa sólida, do futuro. Estamos no país mais apropriado do mundo para empreender: o Brasil. Mas não se esqueçam: tem que ter honestidade, bom senso, paciência, esforço e muita perseverança.


Caito Maia aprendeu com a vida o que os livros e as universidades tentam fortemente ensinar. Ser autodidata e vencedor não é para qualquer um. Só por isso, já poderia ser considerado uma pessoa especial. Mas ele foi além. Criou uma marca, um estilo, um conceito que ultrapassa a simplicidade que ainda predomina em vários segmentos da indústria nacional. Caito fez tudo isso e continua ainda com uma empolgação juvenil ao contar suas experiências. E, mais do que tudo, com uma humildade exemplar – característica fundamental para ser, como ele é, um verdadeiro líder.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Ídolos

Bom, para quem achaava que este seria um post sobre o programa da Record, sorry. Não vou falar sobre isso por dois motivos: 1) eu não assisto esse programa e 2) não assisto porque é muito chato e, tanto o American Idol original, quanto a versão brasileira com o Miranda e tal, são MUITO melhores.

Disse que não falaria, mas já falei, né? Enfim... o post é sobre um dos caras que eu mais admiro atualmente no ofício de escrever. O nome dele é Brad Meltzer.

Bom, não é preciso nem dizer que este é um blog notadamente nerd. Tá no visual, na minha descrição aí ao lado e em grande parte dos posts dessa nova fase (e em muitos dos antigos também).

Meltzer é um escritor de romances e de quadrinhos. Há algumas obras (literárias, para os mais preconceituosos) dele traduzidas para o português. Recomendo, em especial, Os Milionários. Não sei como é a tradução, mas o livro é tão bom que duvido que conseguiram acabar com ele em nossa língua pátria.

Para o lançamento de The Book of Lies, seu novo livro, Meltzer fez algo simples e que nem é tão inédito, mas que é de uma inteligência contumaz: lançou também uma trilha sonora, para ser ouvida durante a leitura.

Mas o mais legal mesmo nisso tudo, e que me fez colocar o título nesse post, foram as músicas escolhidas. Aqui você pode ver a lista completa, que tem uma monte de Richard Wagner, além de coisas como R.E.M e Bonnie Tyler, mandando o clássico Holding on for a hero, e o tema de Super-Herói Americano (alguém aí tem idade para lembrar desse seriado? The Greatest American Hero, no original).

Completando a história toda, Meltzer colocou uma playlist no iTunes, que mata a pau. Vejam aqui. E se quiserem mais, vejam o post do blog dele.

O cara é demais.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Ah, o orgulho!

Um sentimental exemplo do que é minha cidade natal.

(Mas eu gosto, sério mesmo!)


segunda-feira, agosto 25, 2008

É um pássaro? Um avião?

Aí o presidente da Warner, Jeff Robinov, chega e diz que vai zerar a série Superman no cinema. Vai fazer isso motivado, em grande parte, pelo “fracasso” de Superman Returns e pelo estrondoso sucesso de The Dark Knight. Esta aqui, no G1.
Nosso amigo Jeff disse mais: em entrevista ao jornal "The Wall Street Journal", ele disse que gostaria de ver nas telas o lado mais pesado de um dos mais populares personagens dos quadrinhos - e que ainda não satisfez o gosto dos fãs mais devotos dos quadrinhos em sua versão moderna.

Bom, vamos devagar com o andor, que o action figure é de plástico.

Em primeiro lugar, Superman não é, nem nunca foi sombrio. É incompatível com a natureza do personagem. E nós já vimos essa história antes, quando Tim Burton fez sucesso com seu primeiro Batman, quiseram que ele fizesse uma versão do Azulão. A diferença é que ele não seria nem azul, nem teria capa e provavelmente não voaria. Ou seja, seria outro filme do Batman.

De fato, Superman Returns não agradou a maioria dos fãs. Isso aconteceu por um motivo simples: não é um action movie. É um filme de “autor”. Bryan Singer se esforçou muito para mostrar o que o Superman significava para ele. O que, não necessariamente, chegou ao que o personagem representa para as outras pessoas, em especial fãs mais ardorosos. Isso por vários motivos: o filho que ele inventa, a pouca ação, Lex Luthor (da forma como é apresentado) não assustar nem atrair ninguém. E também porque o filme é uma homenagem às produções passadas, especialmente quando Richard Donner ainda estava envolvido. Só que quantas pessoas do público atual viram Superman I e II e ainda se importam com aquelas produções?

Voltando a falar sobre a declaração do presidente da Warner, há outro aspecto, o da confusão entre ser “realista” e ser “sombrio”. O mais novo Batman, pro exemplo. Como eu disse aqui, não acho o filme sombrio. Considero o mais real possível em se tratando de uma película sobre um cara que se veste de roedor e sai batendo em bandido na rua.

É possível fazer algo parecido com o Superman? Claro que sim! Estão aí os dois primeiros “Homem-Aranha” e “X-Men” pra comprovar. Mas a Warner já tentou isso, pois Singer era o diretor dos filmes mutantes. Mesmo assim, o caminho é válido.

Nos quadrinhos, onde tudo isso começou, discutir essa questão é algo que já não faz sentido há mais de 20 anos.

A revista que empresta o nome ao filme mais recente de Batman, “O Cavaleiro das Trevas”, foi escrita e desenhada por Frank Miller (hoje, mais conhecido do grande público por Sin City) e mostrava um futuro pós-apocaliptico em que o Homem-Morcego, após anos de reclusão, retomava Gotham e o mundo das mãos corruptas de políticos e outros bandidos.

Ali, Batman era duro, combativo e realmente sombrio – no sentido de que não se tratava mais daquele cara gordinho vestindo uma roupa cinza e arrumando as luvas no canto da sala. Era justamente para combater a imagem camp que aquela história surgiu. Na mesma graphic novel, Superman era mostrado como um capacho do governo estadunidense.

Mas tudo isso fazia sentido num cenário de Guerra Fria, Superpotências e corrida nuclear. E acabou gerando o que, nas HQ’s é chamado de Grim n’ Gritty (algo como “Sombrio e Durão”, numa tradução mais literal).

Trata-se de uma fase de falta de criatividade completa, em que pensava-se que bom mesmo era ter personagens cheios de armas, braços robóticos e que fossem assassinos cruéis.

Hoje (ainda bem) não é mais assim. Todos evoluíram (leitores e criadores) e percebe-se que boas histórias, com pitadas realísticas, podem ser escritas sem apelação. As recentes séries The New Avengers e Captain América na Marvel são prova disso.

Mas aí me vem o executivo top do estúdio e diz que quer fazer um Superman sombrio?? Será que ele alguma vez leu algo do Superman???

Se ele não leu, sugiro algumas coisas: All-Star Superman (No Brasil, Grandes Astros Superman), Superman for all seasons (Super-Homem: As Quatro Estações) e a própria revista de linha do Supes, escrita por Geoff Johns. Aliás, sugiro isso a todos que consideram Superman um personagem ruim e (essa é a pior de todas) um exemplo de imperialismo estadunidense.

Superman é o super-herói ideal, o maior de todos, o primeiro. Não haveria indústria de quadrinhos se não fosse por ele. Tudo vem dali. Ele é o ideal da perfeição humana – independente de país de origem, de raça, credo ou cor.

Ele é a inspiração para que sejamos nobres e bons. Porque, falem sério, se vocês tivessem todos aqueles poderes, perderiam seu tempo ajudando qualquer pessoa que não a si próprios?

É isso que um filme do personagem deveria mostrar. É assim que ele seria relevante para as novas gerações. Dando a elas a esperança que elas não tiveram até agora.