sábado, março 08, 2003

Por que gostamos?

A pergunta é sempre pertinente. Por que gostamos de algo? E, mais especificamente, por que gostamos de um tipo de música ao invés de outro?

Muitas respostas são possíveis, mas nenhuma delas cobre todas as possibilidades (não é assim com tudo?). A maioria, quando perguntada, vai cair na mesmice do “meio ambiente”, vão dizer que o homem é puramente produto do meio, mesmo sabendo que esta resposta é muito reducionista. Outros vão dizer que é a temática de um estilo ou de outro. Existem ainda aqueles que dirão se tratar do ritmo.

A verdade é que ninguém tem total consciência do que faz uma música tocar sua alma, na medida em que é isso o que realmente acontece quando ouvimos algo musical. A música percorre caminhos e faz ligações em nosso cérebro que ainda não foram totalmente desvendadas pela ciência.

Do ponto de vista biológico, todos temos o aparelho auditivo constituído da mesma forma (tratando aqui da média da população, sem incluir casos raros e extremos). Isso significa, que todos ouvimos da mesma maneira e, por isso, não há motivo para sentirmos as vibrações, deslocamentos de ar e freqüências que fisicamente formam a música, de maneira diferente. Mas todos sabemos que não é isso o que acontece.

E a questão não cala: “Por quê?”. Por que um roqueiro (Pelo menos a maioria deles, e posso dizer pois conheço vários...) exalta a grandeza do Heavy Metal e expurga de sua presença qualquer vestígio do country, mesmo estando ali as origens do objeto de sua adoração, e sendo possível ver claramente os elementos comuns aos dois estilos?

Mesmo aqueles que dizem não gostar de nada, inconscientemente cantarolam algo ao andar por aí. A música é algo universal, e isso é um fato inegável. Qual é a música (por mais batida que esteja esta pergunta), e o motivo dela te agradar, são sim, as grandes questões.

Creio que este questionamento é algo infinito, como são infinitas as respostas. Está além da capacidade humana atual conceber algo tão geral, e ao mesmo tempo tão específico. Somos seres ainda limitados por barreiras espaço-temporais que não nos permitem enxergar além do espectro desta realidade. Talvez esteja aí o segredo da evolução - e elevação - humana. Descobrir o por quê de uma música agradar a uns e não a outros. Enquanto isso continuamos a especular e a errar...


sexta-feira, março 07, 2003

Te vejo na final

A noite começou normal. Os comandados de Oswaldo de Oliveira pareciam estar concentrados, mas nada de extraordinário. Do outro lado, entretanto, os pupilos do grande José Macia – o Pepe – pareciam um pouco nervosos. Provavelmente por conta de, em sua maioria, estarem no ponto mais alto já alcançado numa competição em toda a sua vida.

Bola pra cá, bola pra lá, o que se vê é uma Lusa Santista inquieta, com o artilheiro Rico (que pertence ao São Paulo) querendo mais arrumar confusão do que jogar futebol.
O São Paulo arriscava com chutes de longe que assustaram Maurício. Mas nada da danada entrar.

Até que o substituto do indomável Maldonado, Julio “Tanque” Batista acerta um daqueles petardos inesquecíveis. É a famosa bola que pega “na veia”. Ela ainda trisca na mão do goleiro e vai para o endereço certo: o ângulo. São Paulo 1 x 0 e festa no Morumbi.

Mesmo na frente do placar, o jogo ainda não parecia ganho para o São Paulo. A Santista se postava forte na defesa e, mesmo sem ameaçar o gol tricolor, parecia disposta a não tomar mais nenhum. Aí, as estrelas do ataque são-paulino decidiram brilhar.

Kaká chamou a responsabilidade para si. O menino-rei do Morumbi se agiganta a cada dia. Com a compleição física que se configura atualmente, tem tudo para garantir seu lugar no panteão definitivo de craques nacionais. E com Ricardinho integrando-se a ele mais e mais, as coisas ficam facilitadas.

Além dele, o São Paulo tem ainda Luis Fabiano e Reinaldo. O primeiro está naquela fase em que tem cheiro de gol. A bola chega em seus pés e é perigo na certa. O outro, mesmo sem marcar, serve com maestria os companheiros. E assim surgiu o segundo gol. Reinaldo recebeu de frente pro gol e tocou genialmente para o matador completar com um toquinho por cima de Maurício. Tricolor dois gols à frente e goleada começando a se apresentar.

A Portuguesa tentou um lance na correria, logo na saída de bola após o gol. Mas sempre atento estava lá o capitão Rogério Ceni, para impedir a investida de Rico. A bola ainda rebateu e Souza meteu por cima do gol aberto. Ali, ficou claro que era um jogo de um grande contra um pequeno. O desespero em querer acertar fez um dos melhores jogadores do time da baixada perder um gol feito. Naquele momento a porteira se abriu e os gols começaram a entrar sem parar.

Numa jogada de extrema classe, Ricardinho enfiou a bola para Kaka dentro da área, que de calcanhar tocou para Luiz Fabiano completar para o fundo das redes. O primeiro tempo acabou assim. No segundo, apesar da Lusinha ter tentado se impor no início, não houve quem parece o ataque fulminante são-paulino.

Reinaldo recebe, tenta abrir pra chutar mas não consegue, toca então para Leonardo que cruza. Kaká se esforça para alcançar e ajeita para Luis Fabiano que fuzila, da pequena área. 4 x 0, fora o baile. No finalzinho, depois que Kaká deixou o campo ovacionado pelas menininhas de plantão, seu substituto Itamar finalizou de cabeça, após escanteio cobrado por Ricardinho. 5 x 0 e fim de papo.

Agora é aguardar porcos ou gambás na finalíssima. Porque me desculpem, mas não tem caixinha de surpresas que tire o São Paulo de mais esta final. E aí, Oswaldo vai precisar incutir na cabeça de sua equipe que o tempo de amarelar já passou. É tudo ou nada – não só para ele que pode acabar no olho da rua, mas também para os jogadores, que serão impiedosamente perseguidos pela massa, se o caneco não vier.


quinta-feira, março 06, 2003

Burning mind

Há tanta coisa fervilhando em minha mente... desejos, paixões, idéias.
Ao mesmo tempo, tenho me sentido meio nada. É, nada... o mundo vem e vai e eu fico só observando, sem sentir...
É como se eu estivesse andando em direção a um precipício, sem me importar se a queda vai ser ruim ou não.


Complicações

O que tenho para oferecer? Algumas palavras doces, meia dúzia de pensamentos turvos e bastante dedicação.

Será que isso é suficiente? Será satisfatório? Às vezes o que consideramos pouco, para outros pode ser muito.

A forma pela qual cada pessoa enfrenta e reage às situações é resultado de sua história de vida, de suas experiências passadas. Por mais que se conheça alguém, é sempre complicado saber como a pessoa vai se portar diante de um fato qualquer.


terça-feira, março 04, 2003

Between a rock and a hard place

Seriam amor e amizade dois lados da mesma moeda? Quando é o momento de cruzar a linha e tentar ir além?

Os melhores relacionamentos amorosos, no meu modo de entender, são aqueles fundados numa intensa e sólida amizade. Sempre tentei fazer isso. Torno-me amigo primeiro e só depois tento algo além. Isso tem relação também com o fato de eu acreditar que, a primeira vista, não sou alguém interessante. Só depois que me mostro, que demonstro pelo menos alguns aspectos de mim mesmo, é que transformo-me em alguém efetivamente “gostável”, “apaixonável”. Pelo menos é assim que eu vejo as coisas.

Mas, e quando o outro lado quer apenas e tão somente a sua amizade? E, pior ainda, como saber se é só isso mesmo? Porque, me desculpem, quando se fala em sentimentos, não há conversa racional que consiga estabelecer os reais limites existentes.

A maior dificuldade é em saber quando é o momento de atravessar a fronteira. Sou daqueles que prefere a calma, o desenrolar natural. Mas sei que se chega em um ponto em que não há volta: ou toma-se uma atitude, ou o momento passa e nunca mais volta. Pois o tempo é esse rio interminável e ininterrupto. Não há força que o pare, nem que consiga fazê-lo voltar.

Chame-me de romântico irrecuperável. Ou até acuse-me de viver com a cabeça em outra época. Mas para mim, um toque leve nas mãos da desejada diz muito mais, significa infinitamente mais, do que um ataque frontal e desmedido. Chegando aos poucos, conhecendo, analisando, verificando os pontos em que a possibilidade de aproximação é maior. Tudo isso para culminar naquele momento em que as palavras tornam-se inúteis e o beijo é inevitável.

Quero é desejar, sentir o coração pulando, ter as mãos trêmulas e suadas. Mas ainda assim me pergunto: como saber??
Fico em dúvida porque uma parte racional em mim acredita que tal feito seria impensável para alguém como eu. Por outro lado, existe o desejo (ao menos meu), a admiração mútua, a afinidade natural.

A sensibilidade, a poesia e a imaginação me fizeram desde sempre acreditar que tudo é possível para aquele que quer algo com muita força. Mas a razão, que me foi imposta com o andar dos anos, me faz ir em direção contrária.

Devo ser o quê, então?
Sensível ou racional?
Amigo ou mais que isso?

No fundo... eu acho que já sei a resposta. Se há algo que não podemos negar na vida é o que somos. E eu me prometi não esquecer disso: de quem sou, de como sou e, principalmente, dos motivos que me levaram a ser assim.

Há! Vou continuar meu caminho. Calmo, sereno, analítico (sem ser frio) e observador. E quando a hora chegar (e ela vai chegar, pois eu quero que chegue) estarei ali, para colher o mais doce néctar do amor.


The Phantom Stranger

Enquanto caminho pela sala escura, me pergunto se realmente deveria estar ali. Fui avisado tantas vezes para deixar aquele espaço sombrio, mas não dei ouvidos. Teimoso como sempre, decidi me embrenhar por locais que não desejavam a minha presença. Quis ser mais do que realmente era.

Mesmo assim, fui e ainda estou vivo. O que é então este sentimento que deseja apoderar-se de minh‘alma? Seria medo? Há tanto que já não sei mais o que é isso... pelo menos não no sentido físico e mundano dos mortais que caminham por essa terra sem lei.
Creio ser solidão.

Depois de milênios sozinho, pensei seriamente ter me acostumado com a falta de presenças ao meu lado. Faço meu trabalho. Faço-o bem. E faço o Bem. Sou um amigo que abre portas e mostra passagens para aqueles em necessidade. Apesar de alguns pensarem que podem me conter, as regras que sigo são apenas minhas. Decidi em tempo imemoriáveis seguir a linha correta e, a partir disso, forjei minha couraça e nela apenas me baseio.

Já fui chamado de muitos nomes, mas nenhum deles conseguiu me conceber em minha plenitude. Para aqueles que desejam saber, digo o que posso e o que é a mais pura verdade: sou apenas um Estranho.