quarta-feira, agosto 27, 2008

Ah, o orgulho!

Um sentimental exemplo do que é minha cidade natal.

(Mas eu gosto, sério mesmo!)


segunda-feira, agosto 25, 2008

É um pássaro? Um avião?

Aí o presidente da Warner, Jeff Robinov, chega e diz que vai zerar a série Superman no cinema. Vai fazer isso motivado, em grande parte, pelo “fracasso” de Superman Returns e pelo estrondoso sucesso de The Dark Knight. Esta aqui, no G1.
Nosso amigo Jeff disse mais: em entrevista ao jornal "The Wall Street Journal", ele disse que gostaria de ver nas telas o lado mais pesado de um dos mais populares personagens dos quadrinhos - e que ainda não satisfez o gosto dos fãs mais devotos dos quadrinhos em sua versão moderna.

Bom, vamos devagar com o andor, que o action figure é de plástico.

Em primeiro lugar, Superman não é, nem nunca foi sombrio. É incompatível com a natureza do personagem. E nós já vimos essa história antes, quando Tim Burton fez sucesso com seu primeiro Batman, quiseram que ele fizesse uma versão do Azulão. A diferença é que ele não seria nem azul, nem teria capa e provavelmente não voaria. Ou seja, seria outro filme do Batman.

De fato, Superman Returns não agradou a maioria dos fãs. Isso aconteceu por um motivo simples: não é um action movie. É um filme de “autor”. Bryan Singer se esforçou muito para mostrar o que o Superman significava para ele. O que, não necessariamente, chegou ao que o personagem representa para as outras pessoas, em especial fãs mais ardorosos. Isso por vários motivos: o filho que ele inventa, a pouca ação, Lex Luthor (da forma como é apresentado) não assustar nem atrair ninguém. E também porque o filme é uma homenagem às produções passadas, especialmente quando Richard Donner ainda estava envolvido. Só que quantas pessoas do público atual viram Superman I e II e ainda se importam com aquelas produções?

Voltando a falar sobre a declaração do presidente da Warner, há outro aspecto, o da confusão entre ser “realista” e ser “sombrio”. O mais novo Batman, pro exemplo. Como eu disse aqui, não acho o filme sombrio. Considero o mais real possível em se tratando de uma película sobre um cara que se veste de roedor e sai batendo em bandido na rua.

É possível fazer algo parecido com o Superman? Claro que sim! Estão aí os dois primeiros “Homem-Aranha” e “X-Men” pra comprovar. Mas a Warner já tentou isso, pois Singer era o diretor dos filmes mutantes. Mesmo assim, o caminho é válido.

Nos quadrinhos, onde tudo isso começou, discutir essa questão é algo que já não faz sentido há mais de 20 anos.

A revista que empresta o nome ao filme mais recente de Batman, “O Cavaleiro das Trevas”, foi escrita e desenhada por Frank Miller (hoje, mais conhecido do grande público por Sin City) e mostrava um futuro pós-apocaliptico em que o Homem-Morcego, após anos de reclusão, retomava Gotham e o mundo das mãos corruptas de políticos e outros bandidos.

Ali, Batman era duro, combativo e realmente sombrio – no sentido de que não se tratava mais daquele cara gordinho vestindo uma roupa cinza e arrumando as luvas no canto da sala. Era justamente para combater a imagem camp que aquela história surgiu. Na mesma graphic novel, Superman era mostrado como um capacho do governo estadunidense.

Mas tudo isso fazia sentido num cenário de Guerra Fria, Superpotências e corrida nuclear. E acabou gerando o que, nas HQ’s é chamado de Grim n’ Gritty (algo como “Sombrio e Durão”, numa tradução mais literal).

Trata-se de uma fase de falta de criatividade completa, em que pensava-se que bom mesmo era ter personagens cheios de armas, braços robóticos e que fossem assassinos cruéis.

Hoje (ainda bem) não é mais assim. Todos evoluíram (leitores e criadores) e percebe-se que boas histórias, com pitadas realísticas, podem ser escritas sem apelação. As recentes séries The New Avengers e Captain América na Marvel são prova disso.

Mas aí me vem o executivo top do estúdio e diz que quer fazer um Superman sombrio?? Será que ele alguma vez leu algo do Superman???

Se ele não leu, sugiro algumas coisas: All-Star Superman (No Brasil, Grandes Astros Superman), Superman for all seasons (Super-Homem: As Quatro Estações) e a própria revista de linha do Supes, escrita por Geoff Johns. Aliás, sugiro isso a todos que consideram Superman um personagem ruim e (essa é a pior de todas) um exemplo de imperialismo estadunidense.

Superman é o super-herói ideal, o maior de todos, o primeiro. Não haveria indústria de quadrinhos se não fosse por ele. Tudo vem dali. Ele é o ideal da perfeição humana – independente de país de origem, de raça, credo ou cor.

Ele é a inspiração para que sejamos nobres e bons. Porque, falem sério, se vocês tivessem todos aqueles poderes, perderiam seu tempo ajudando qualquer pessoa que não a si próprios?

É isso que um filme do personagem deveria mostrar. É assim que ele seria relevante para as novas gerações. Dando a elas a esperança que elas não tiveram até agora.


Hoje tem palhaçada? Tem, sim senhor!

Na semana passada, São Paulo viu acontecer a III Palhaçaria Paulistana. Trata-se de um evento organizado pela Cooperativa Paulista de Circo e pela Secretaria Municipal de Cultura.

Palhaços, mágicos, malabaristas e demais artistas circenses apresentaram-se gratuitamente, resgatando a magia do circo tradicional – e não uma daquelas superproduções estrangeiras. Nada contra elas, mas uma não pode substituir a outra. Há lugar para todos.

Mas mais importante do que o evento em si, foi o local de sua realização: o Vale do Anhangabaú.

Cravado no centro da metrópole paulistana, o Vale é ponto de passagem entre pessoas que vão e vêm de locais como a Rua Santa Ifigênia, o Largo São Francisco, a Praça da Sé, o Terminal da Praça das Bandeiras, a Rua Boa Vista, o Viaduto do Chá, entre outros.

Lá vivem – isso mesmo, vivem – centenas de pessoas que dormem nos bancos, banham-se nas fontes e consomem drogas embaixo de marquises. Um retrato fiel da realidade de muitos paulistanos pronto para quem quiser ver, especialmente em tempos eleitorais.

Mas não é tão ruim quanto pode parecer assim, à primeira vista. Há muito policiamento naquela região, tanto da Polícia Militar, quanto da Guarda Civil Metropolitana. Assaltos que antes eram freqüentes por ali, hoje são muito mais raros. Já é possível, aos sábados e domingos, ver casais namorando nos bancos e jovens skatistas aproveitando as áreas planas e o concreto utilizado ali.

Com a III Palhaçaria Paulistana, um circo foi, literalmente, armado ali. E com espetáculos gratuitos, toda aquela gente que circula pelo Anhangabaú pôde tomar contato com pulsante cultura que vibrava no interior da lona.

Nas apresentações, todas elas lotadas, era possível ver o quão carente a população é de opções culturais. Quantos ali já entraram num teatro? E num cinema? Mesmo o próprio circo parecia ser algo inédito ou uma distante lembrança da infância.

Os olhares brilhosos das crianças, as quase-lágrimas querendo rolar pelos rostos dos mais velhos. Tudo aquilo era recheado de uma emoção tremenda, colocada ali em estado bruto.

Não acho que o Governo (seja ele qual for) tem o dever de prover tudo ao cidadão. Pelo contrário, sou até bastante liberal e quero mais ver Brasília reduzida a meia-dúzia de salas num prédio de três andares.

Porém, no estágio evolutivo em que o Brasil se encontra, oferecer alguma coisa que seja, é sim obrigação do Estado.

Com o circo da Palhaçaria, a Prefeitura de São Paulo acertou em cheio. Deu aos porteiros, garçons, faxineiras, arrumadeiras, jardineiros e trabalhadores em geral do centro da cidade a oportunidade de se sentirem participantes, cidadãos plenos. Justo eles, que são as engrenagens fundamentais para que a cidade que não pára nunca realmente não fique parada.

Tudo isso com o mais singelo sorriso de um palhaço.