sábado, novembro 01, 2003

Soundtrack

Trilha sonora do final de semana. Olha, eu sempre só coloco as letras das músicas. Mas hoje, além disso, recomendo que vocês baixem essa maravilha e ouçam por vocês mesmos. Essa é demais.

Drift Away
Uncle Cracker

Day after day I'm more confused
But I look for the light through the pourin' rain
You know, that's a game, that I hate to loose
I'm feelin' the strain, ain't it a shame

[CHORUS:]
Give me the beat boys and free my soul
I wanna get lost in your rock and roll and drift away
Give me the beat boys and free my soul
I wanna get lost in your rock and roll and drift away

Won't you take me away

Beginin' to think, that I'm wastin' time
And I don't understand the things I do
The world outside looks so unkind
I'm countin' on you, you can carry me through

Give me the beat boys and free my soul
I wanna get lost in your rock and roll and drift away
Give me the beat boys and free my soul
I wanna get lost in your rock and roll and drift away

Won't you take me away

And when my mind is free
You know your melody can move me
And when I'm feelin' blue
The guitars come through to soothe me

Thanks for the joy you've given me
I want you to know I believe in your song
And rhythm, and rhyme, and harmony
You helped me along, you're makin' me strong

Give me the beat boys and free my soul
I wanna get lost in your rock and roll and drift away
Give me the beat boys and free my soul
I wanna get lost in your rock and roll and drift away

Won't you take me away

Give me the beat boys and free my soul
I wanna get lost in your rock and roll and drift away
Give me the beat boys and free my soul
I wanna get lost in your rock and roll and drift away

Won't you take me away


O que é e o que pode ser

Não consigo definir o que sinto hoje. Um misto de desejo, saudade e tristeza. Um amor por alguém que nem conheço mais. Será que isso vai me atormentar pelo resto da vida? Claro que atualmente eu me divirto, me lanço frente ao mundo. Mas não me envolvo. Mantenho sempre uma distância segura.
Qual é o problema comigo? Por que não esqueço? Por que não deixo ir? Por que deixei ir?
Tenho total consciência de que a escolha que fiz foi correta naquele momento (ou naqueles momentos). Eu precisava me livrar de tudo e todos. Sair do ninho, crescer. E isso teve conseqüências bastante positivas. Cá estou, recém-formado e trabalhando. Levando minha vida de forma firme e correta. Ajudando quem precisa de mim, assumindo minhas responsabilidades e sendo dono do meu nariz (o que para mim é o mais importante de tudo). Tudo isso é resultado de mandar o mundinho às favas e encarar o monstro.
O problema é que como em toda luta, houve casualidades. Baixas nas linhas aliadas. No caso específico, as perdas foram duras, doídas. As feridas não fecharam nunca, mesmo com o tempo e diversos remédios para que houvesse cicatrização, não aconteceu. A dor amainava às vezes, mas nunca deixava de doer.
Mas que direito eu tenho de querer voltar, depois de tudo, depois de todas? Com que cara posso pedir para que tudo seja perdoado, que o presente e o passado se fundam para gerar o futuro? Apesar do desejo ser forte, o medo ainda o supera. Como invadir uma realidade aparentemente harmônica e destruí-la por completo, tentando convence-la no caminho de que essa é a melhor opção? Não há como. Quer dizer... até existe maneira de fazer. Mas eu ainda não reúno habilidades técnicas e morais para tanto.
Fora que apesar de todo esse discurso, não tenho – de fato – total certeza do que motiva tudo isso. Se um sentimento puro, de amor mesmo; ou apenas carência, solidão. Cada dia a balança pende para um lado. Mas eu acredito (ou quero muito acreditar) que a primeira opção é que está no comando por aqui. Eu me levo em boa conta.
Mas prometo que um hora dessas estouro. E talvez, mais uma vez, o que parece ser não seja e tudo mude – tão rápido quanto o bater de asas de uma mosca tailandesa.

terça-feira, outubro 28, 2003

Das referências e além

Algo em que sempre penso é na questão das referências, naquilo que compõe o universo intelectual e sensível de cada pessoa. Tenho muito patente em minha cabeça os elementos que me formaram. Sou um filho da TV dos anos 80. Quando era criança, passei mais tempo na frente da telinha do que com meus pais – e certamente – muito mais tempo com aquela caixa mágica do que com outras crianças.

Diferente da maior parte das pessoas da minha idade (faço 23 e 12 meses logo mais em novembro), só entrei na escola quando não tinha alternativa mesmo. Ou seja, no pré-primario. Não fiz escolinha nem nada. E como eu não tinha irmãos, digamos que minha sociabilização não foi das mais pacíficas. Então a TV tornou-se ainda mais presente em minha vida. Some isso ao fato de eu ser meio retardado e ter aprendido a ler muito cedo (com 3 aninhos o pequeno Boca já era a alegria das festas de família, lendo o jornal pras tias aplaudirem), e tem-se um quadro de um pequeno monstro.

Mas já estou viajando demais, então deixa eu tentar voltar pro foco que havia iniciado: a televisão (e, claro, os quadrinhos), formaram os padrões estéticos que possuo. Seja em música, literatura, cinema – tudo que envolve o aspecto cultural e que eu gosto – possui claramente um pé naquele modo de pensamento.

Dessa forma, não tenho problema algum em dizer que sou completamente influenciado pela cultura norte-americana. Casos como os da música podem exemplificar melhor o que quero dizer.
Não tenho nem como gostar de MPB. Não conheço. E não tenho interesse muito grande em conhecer também. Meu negócio é rock! Heavy farofa, de preferência. Tudo que é naquele estilo oitentão – da NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal), com Iron, Judas, entre outros – a coisas mais leves, como Poison, Bom Jovi, Skid Row etc. Gosto mesmo! Daquelas músicas empolgantes, com refrões bem marcados. Se querem um exemplo forte do que estou dizendo baixem a música “Dare“, da trilha sonora de “Transformers – O Filme”. Quem canta é a banda Stan Bush.

Talvez eu seja generalista demais no que vou dizer agora, mas é a minha maneira de ver as coisas. Não há como negar que a maior parte dos jovens entre 20 e 25 anos, de classe média pra cima, vivendo do sudeste pra baixo do Brasil, tiveram infâncias e adolescências parecidas com as minhas. Alguns com mais ou menos contato e interesse com essa cultura pop que trato aqui, mas todos com alguns elementos em comum. Viveram todas na mesma época, compartilharam daquele zeitgeist.

Por que digo isso? Porque vez por outra surge algum surto de “brasilidade”. Algo mais falso do que nota de três reais a passar por aí. Eu achei que a modinha do tal do “forró universitário” havia passado, mas semanas atrás vi uma notícia dizendo que alguém dessas bandinha havia sido espancado num show intitulado “O Grande Encontro do Forró Universitário” e que o mesmo estava lotado.

Falem sério... quem desses universitários endinheirados de São Paulo tem “raízes forrozeiras”? Quantos deles ouviam forró em casa, em festinhas de família quando eram crianças? Mas são eles mesmos que adoram dizer que os metaleiros (será que alguém ainda usa esse termo?) ou roqueiros são vendidos, só gostam do que vem de fora, etc etc.
É aí que entra a questão da referência. Pois me digam: como posso gostar de algo que não faz parte, em absoluto, daquilo que formou meu gosto musical, minha forma de ser, pensar e agir? Notem, não há aqui nenhum juízo de valor a respeito da música em si. O que me incomoda profundamente é gente que segue a modinha, fala como se fosse dona da razão e que na verdade é tão alienada de dado assunto, que não consegue fazer outro argumento que não o tal da brasilidade x ser vendido.

É quase que a mesma coisa que acontece com aqueles menininhos riquinhos, que moram em belas casas dos Jardins e que ao entrar em cursos como Jornalismo, Ciências Sociais, História, entres outros das Humanas começam a gritar “Fora Alca”, “Fora FMI” e outras bobagens do gênero – uma vez que eles próprios não passam de filhos bem nutridos do cruel (sim, eu concordo que é cruel. Mas qual é a outra opção?) sistema capitalista.
Devo retomar o assunto em breve, mas em resumo é isso: os gostos de todos nós mudam com o passar do tempo, se aprimoram na maior parte das vezes. Não há motivo que impeça um cara que curtia Sepultura passar a gostar, subitamente, de Luis Gonzaga. O ponto é que temos de ser sinceros e verdadeiros. Goste daquilo que você gosta mesmo. Não daquilo que tentam lhe vender como “the next big thing”. Não é simples, mas pelo menos é sincero.

segunda-feira, outubro 27, 2003

Perto

Acabei de perceber que daqui a exatamente um mês completarei 23 anos e doze meses de vida. Que fase!

A escrita da vida

Para mim é muito claro que num dado momento da minha vida eu parei de vivê-la simplesmente e passei a acreditar que eu estava escrevendo o roteiro de um filme.
Parece confuso? Mas não é. É até simples, de certa forma. Deu-se que a necessidade de negar tudo e todos se tornou mais forte do que o resto. E eu comecei a agir como se fosse um dos personagens das histórias que eu escrevo. O problema é que eu acabei me esquecendo de algo fundamental. Eu escrevia as minhas falas. E as das outras pessoas, ficavam a cargo de quem? Não de mim, com certeza.
Demorou para cair a ficha de que eu sou bem mais simples do que eu gosto de dizer que sou.