quinta-feira, julho 17, 2008

Quando parece que nada pode piorar...

Bom, como está dito aí ao lado, sou jornalista. Isso me deixa suscetível a receber algumas bobagens. Normalmente eu nem as comento. No máximo, falo com o pessoal amigo aqui na agência mesmo. Mas esta foi a campeã do ano. Nada pode preparar o universo para isto:

CHITÃOZINHO & XORORÓ E FRESNO APRESENTAM ESTILO "SERTANEMO" NO ESTÚDIO COCA-COLA ZERO

Em 2008, o Estúdio Coca-Cola Zero estressa mais a mistura de estilos em uma série de quatro programas. Neste terceiro encontro, que irá ao ar na MTV sexta, dia 18/7, às 20h30, as diferenças não estão somente no estilo musical, mas também no tempo de estrada de cada um dos artistas. A Coca-Cola Zero coloca para conviver lado-a-lado a dupla sertaneja que consolidou a popularização do gênero, Chitãozinho & Xororó, com os quatro integrantes da banda Fresno, que foi projetada para o Brasil todo via Internet.

No primeiro programa da série, chamado "Troca de Balada", o fã de Chitãozinho & Xororó sai do interior de São Paulo diretamente para a capital, onde se encontra com o fã paulistano da Fresno. Cada um deles experimenta as baladas do outro, com direito a passeios a cavalo, ao fliperama e, é claro, aos shows de Chitãozinho & Xororó e da banda Fresno.

O segundo programa da série é o "Diário de Bordo", também com meia hora de duração. O programa acompanha um dia na vida de cada um dos artistas e mostra, a partir daí, o que eles têm de diferente. Os artistas ainda não se encontraram para os ensaios e show do Estúdio Coca-Cola Zero, mas estudam pela primeira vez a música do outro.

"Videografia" é o terceiro programa da série e coloca o expectador cada vez mais próximo do ambiente musical do show. Chitãozinho & Xororó e os membros da banda Fresno aparecem juntos pela primeira vez. Eles se encontram para uma conversa sobre vida e carreira no palco do Estúdio Coca-Cola Zero. O papo é ilustrado por clipes, vídeos e fotos da vida de cada um. O programa tem meia hora de duração.

Na quarta semana da série, chega o grande momento. Um encontro aparentemente sem lógica alguma, uma mistura de rock e música sertaneja: Chitãozinho & Xororó e Fresno juntos no palco. Com quase nada em comum, eles encaram o desafio de tocar juntos. O programa Estúdio Coca-Cola Zero mostra o que aconteceu nos quatro dias de ensaio e o show, gravado em um estúdio de São Paulo. Estúdio Coca-Cola Zero tem uma hora de duração. No repertório do show, Na Aba do Meu Chapéu e Polo, entre outros sucessos.

Sou só eu que me incomodei com o termo "Sertanemo"??? Aposto que não.
E Fresno? Fresno??? Esses moleques não sabem nem segurar uma guitarra na mão!!

E Chitãozinho & Xororó, hein? Isso é recalque por Sandy & Jr. terem feito muito mais sucesso que eles nos últimos 10 anos??

Bom, eu acho que esse é o prenúncio do fim do mundo. Daqui pra frente é só pra baixo...
Da educação capitalista

O governo e as empresas comemoram fortemente o advento da classe C como grande consumidora do Brasil atual. Para quem vende, realmente está tudo ótimo. Mas quem faz a “gestão” (entre aspas, pois isto, de fato, nunca aconteceu) do País deveria abrir os olhos para um ponto extremamente complexo, a questão educacional.

Mas o que a educação tem a ver com o consumo? Tudo! Há que se ter conhecimento e, principalmente, discernimento até mesmo para gastar.

Poucas cenas são mais cruéis: tarde de domingo na cidade de São Paulo. Uma loja do McDonalds num shopping de bairro popular. Famílias inteiras se acotovelam para ouvir um “Seu pedido, senhor?” de mocinhas mecânicas e pouco sorridentes. Crianças pulam e se penduram no balcão tentando enxergar o mundo que lhes parece fantástico se apresentando do outro lado.

Invariavelmente, famílias com filhos (e na maioria, mais de um) pedem o famigerado “McLanche Feliz”. Valor? Cerca de 10 reais. Comem as crianças (no mínimo duas), o pai a mãe e sempre também acompanha um primo ou um vizinho. A conta não sai por menos de 50 reais.

Para um grupo familiar que ganhe entre 700 e 900 reais, pagando aluguel, comida, água, luz e tudo mais, esse dinheiro faz diferença. E muita diferença. Mas como equilibrar – e agüentar – os desejos de crianças que “precisam” ter o brinquedo mais recente lançado pelo restaurante do palhaço e dos arcos dourados?

Aqui entra a questão da educação. A esse povo todo foi dado dinheiro, acesso ao crédito. Mas ninguém os ensinou a pensar, eles continuam sem a menor condição de fazer uma análise crítica do seu entorno, do mundo em que vivem.

Que não pareça ser esta uma campanha contra o McDonalds. Não é. Valem também os comerciais de brinquedos que passam no intervalo dos programas infantis. O problema é que o Mac vincula essa venda à “comida”.

A campanha é, sim, contra a política educacional emburrecedora deste e dos governos passados. Até parece que deixar que sejam abertas milhares de faculdades ajuda a formar uma população realmente pronta para lidar com os diferentes desafios da vida capitalista moderna.

Não que seja necessário ler Marx, Engels, Durkheim, Maquiavel ou qualquer outro para conseguir freqüentar um restaurante fast-food. Mas um mínimo de conhecimento gera questionamentos e evita que as pessoas sejam conduzidas como gado pela vida.