quinta-feira, dezembro 04, 2003

Sobre mocinhos e bandidos

Uma história para ser boa precisa de um vilão. Daqueles bem ruins, a maldade encarnada mesmo.
Acho que nunca escrevi uma boa história justamente por isso. Não consigo compreender a maldade. Sou até ingênuo nesse sentido. Aquela ingenuidade básica de personagens com Capitão América e Superman, por exemplo. O pensamento simplista de que todos, em essência, são bons.

Além de atrapalhar minha ficção, essa idéia romântica do Bem acaba atrapalhando minha vida pessoal também. Acabo não estando preparado para pessoas que me puxam o tapete, entram de carrinho por trás e passam o rodo sem dó, nem piedade.

Aí acontece o quê? Tenho de correr atrás, me virar depois que o picadeiro já está montado e eu virei a atração principal: ninguém menos que o palhaço.

Mas não há de ser nada. Se existe uma constante na equação da minha vida, é a de que todos que me fazem algum tipo de mal acabam sofrendo as conseqüências depois. Devem ser as bruxarias, crendices, rezas e adjacências das mulheres da minha família, que fecham meu corpo e rebatem naqueles que, de fato, merecem sofrer.
Assim sendo, eles que se preparem, porque a vingança é a espada afiada e cortante dos justos.

“E se eles querem meu sangue, verão meu sangue só no fim”
- Cidade Negra


terça-feira, dezembro 02, 2003

In the darkest hour

Encalhado numa praia deserta no meio do oceano. O que deveria ser o paraíso transfigura-se em inferno, dada as condições do clima. Uma tempestade sem precedentes assola o local. O céu confunde-se com o mar, numa mistura negra, rubra e azul, cortada insistentemente pelos relâmpagos mais fortes jamais vistos.
Deitado na areia, o jovem náufrago desespera-se. Seu navio está quase que totalmente submerso neste momento. Para onde quer que olhe, só vê a escuridão, que ameaça tomar-lhe a própria existência.
Então ele grita, o grito mais forte que já deu. Recusa-se a compartilhar daquela realidade. E a tempestade subitamente cessa. As forças da natureza se dobram ele. E isto acontece pelo simples fato que aquele náufrago decidiu, num momento de vida ou morte, que não aceitaria nenhum destino que não fosse a grandiosidade.