quinta-feira, maio 13, 2004

Vitória da raça
São Paulo 2 (5) x (4) 1 Rosário Central




Sensacional. Esta é a única palavra para definir o jogo desta quarta-feira, 12 de maio, no Morumbi. O São Paulo enfrentava o Rosário Central da Argentina. O tricolor havia perdido a primeira partida na casa do adversário por 1 a 0. Para se classificar precisava de uma vitória por dois gols de diferença. Igualando a diferença de gols da primeira partida a decisão iria para os pênaltis.

Mas não foi fácil. Logo aos 6 minutos do primeiro tempo, numa falha de Marquinhos, o Rosário saiu na frente. Neste momento começou a atuar a maestria do técnico são-paulino Cuca. Ele mexeu – e muito bem – em sua equipe, sacando o volante Alexandre e colocando Grafite em seu lugar. O atacante, execrado pela torcida por ter feito os gols que salvaram o Corinthians do rebaixamento, teve sua redenção.
Grafite fez o primeiro gol no último lance da etapa inicial. Numa jogada ensaiada Rodrigo escorou no primeiro pau e o atacante arrematou no meio da área, de cabeça.

Logo em seguida, no intervalo, Cuca não desceu para os vestiários com seus comandados. Ficou em campo para que eles sentissem a energia da massa tricolor. 60 mil torcedores gritavam insanamente na noite fria da capital paulista.

A tática deu resultado: a equipe voltou mais consciente e tocando melhor a bola. Mas, sem conseguir furar o bloqueio argentino, Cuca mudou mais duas vezes. Tirou Vélber para a entrada de Souza e, depois, Marquinhos para que Gabriel entrasse.
O time estava bem, mas a bola não entrava. A dramaticidade aumentava. O Fabuloso não estava numa boa noite, havia até mesmo perdido um pênalti no primeiro tempo. Mas em jogada sua, o São Paulo encontrou o caminho do gol. Luis Fabiano chutou, o goleiro argentino não conseguiu segurar e Grafite, mais uma vez ele, estava atento e conferiu. Era São Paulo 2 a 1. E os pênaltis...

Nas cobranças de pênaltis brilhou mais forte a estrela do maior símbolo tricolor dos últimos anos: o capitão Rogério Ceni. Ninguém encarna o espírito são-paulino como ele. Nem mesmo Luis Fabiano, que tem seu nome gritado constantemente durante as partidas pela torcida. Rogério é o último remanescente da Era de Ouro tricolor, quando o Terror do Morumbi – o saudoso Raí – desfilava em campo, ao lado de craques como Leonardo, Cerezo e Müller.

Ninguém se dói mais ao ser chamado de “amarelão”, “bambi” e outros codinomes pejorativos atribuídos ao São Paulo ultimamente. E ontem Rogério mostrou todo seu amor tricolor e vontade de vencer.

O goleiro são-paulino cobrou a última penalidade e marcou. Se perdesse, estava fora (Cicinho havia desperdiçado sua cobrança). Continuou próximo ao gol e se preparou para segurar a cobrança de Ganoa, goleiro do Rosário – o que de fato aconteceu. Verdade seja dita que o careca argentino praticamente recuou a bola. Mas a energia que veio depois da defesa pavimentou o caminho para a vitória definitiva.

Na primeira das alternadas, Gabriel – que também passou por maus bocados no Morumbi – marcou. Rogério então se preparou e defendeu magistralmente a batida de Iraci. O São Paulo estava classificado para as quartas-de-final da Libertadores.

O mais bonito foi ver ao final da partida jogadores como o zagueiro Fabão aos prantos, emocionado com a vitória. Rogério deu a declaração que deixou todos os são-paulinos com um nó na garganta: “Essa é a paixão da minha vida... Sair do São Paulo pra quê? Este é o melhor time do mundo!”.

Exageros à parte, a certeza que fica depois do jogo é de que, se não é o melhor, pelo menos o São Paulo é dos que mais luta. E que amarelo no Morumbi só nas estrelas que representam o Bi-Mundial. Estrelas que, pelo andar da carruagem, podem ter a companhia de mais uma irmã no final deste ano.

Força Tricolor! Rumo a Tóquio!!


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