quinta-feira, junho 26, 2008

“Logo depois de ‘A Favorita’, mude de canal...”

A reestréia da novela “Pantanal” está causando furor na televisão brasileira. E muita gente que nem lembrava da atração (como eu mesmo) agora pode assistir a um festival de pessoas nuas pelos rios do Centro-Oeste brasileiro. O público parece estar gostando, dado os números da audiência. Na terça-feira, por exemplo, ganhou do “Aprendiz” de Roberto Justus.

Assistindo à novela pode-se perceber quais são os traços que mais são ressaltados na produção e trazem esse sucesso. Claro, temos a profusão de bundas, peitos e tudo mais. Mas existe um outro ponto, mais conceitual, nessa história: a empatia.

Diferente do que acontece nos tradicionais folhetins globais, em “Pantanal” os personagens agem e falam como gente de verdade – e não como bonecos inanimados que supostamente povoam o bairro do Leblon, no Rio de Janeiro.

Há uma verossimilhança brutal com o interior do Brasil. É um contraste enorme em relação, por exemplo, à própria novela “A Favorita” – com seus políticos caricatos, mães disputando filhas e sindicalistas heróicos.

Mesmo quando entram elementos de realismo fantástico, como a mulher que vira onça e uma entidade que povoa a beira dos rios fazendo justiça, há uma aproximação com o dia-a-dia do caipira. E digo caipira aqui sem nenhum preconceito, muito pelo contrário. Digo caipira com o orgulho piracicabano pulsando no peito. Caipira no sentido de pessoa simples, do interior, com toda sua sabedoria antiga embarcada na forma de entender o mundo.

Pois quem já viveu ou passou pelo interiorzão sabe que sempre há uma história mal-contada. Um mito surgido não se sabe de onde. É mãe de um vizinho de um primo que é bruxa. Ou outro que mora logo ali na rua de baixo e que se parece com um lobo...

E assim “Pantanal” vai conquistando mais adeptos, mesmo 18 anos depois. Simplesmente porque ali o povo olha e consegue se ver sem nenhum artifício ou barreira entre si e a tela luminosa.



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