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sexta-feira, janeiro 04, 2013

Time to move on

A história deste blog acaba aqui. Foram mais de 10 anos mantendo esse espaço virtual, que já foi um pouco de tudo... bem como eu mesmo.

Quando começou, eu era estudante de jornalismo e estagiário. Hoje sou professor e empresário, dono de agência.

Por aqui destilei minhas desilusões: amorosas, profissionais, esportivas e acadêmicas. Também comemorei - e muito - nesses mesmos temas.

Conheci pessoas muito bacanas por conta do que escrevi aqui, assim como afastei gente que ficou bem louca da vida com a minha visão sobre elas e sobre mim mesmo.

Fiz análises sobre filmes, gibis, livros, discos, programas de TV e o que mais me desse vontade.

E até por conta desse conteúdo todo, o blog continuará existindo - pelo menos até o Google não o destruir.

Quem ainda passar por aqui e tiver interesse, pode me encontrar em meu novo espaço:

Professor Thiago Costa

Lá pode ser encontrada minha produção acadêmica, os conteúdos que utilizo em sala de aula e mais textos com análises diversas do mundo da cultura pop. Nos vemos por aí.

Vida longa e próspera!

sexta-feira, junho 01, 2012

Out of the closet and into the world

Cena de Earth 2 #2, com a
confirmação da orientação sexual
do Lanterna Verde
Nesta sexta-feira, 1 de junho, a DC Comics anunciou que, após a reformulação do seu universo ficcional ocorrida há quase um ano, o Lanterna Verde original (personagem criado na década de 1940) é gay. 

Como não poderia deixar de ser, a mídia não-segmentada, não-especializada, pegou fogo. A simples menção das expressões "Lanterna Verde" e "gay" na mesma frase fez quem não conhece o assunto ficar de orelha em pé, afinal, há não muito tempo, um filme desse personagem (veja resenha aqui) com o galã Ryan Reynolds no papel principal estava estampando cartazes nas portas dos cinemas, copos de refrigerantes em lanchonetes fast food e brinquedos em geral. Natural, então, que a massa se ourice com a novidade.

Todo o processo de "saída do armário" de Alan Scott (a identidade secreta desse Lanterna) é uma grande - e não tão bem armada - jogada de marketing. Mas não que isso não possua um lado positivo.

A parte da ação de marketing falha é que o gay da história apenas compartilha do nome do Lanterna Verde, aquele do filme. Mas é um personagem completamente diferente. Que inclusive vive em outra Terra, a "Terra 2" (esse mundo dos gibis às vezes é complexo...). 

Não passa, portanto, de uma grande sacanagem dizer para todos que o "Lanterna Verde" agora é gay, pois induz o público ao erro. Ou seja, todos vão pensar que é o mesmo personagem interpretado por Ryan Reynolds.

Por outro lado, ao fazer um personagem clássico (ainda que revisto, recriado) se colocar como um homem adulto, bem sucedido, poderoso e gay, é algo que representa muito. Demonstra, em primeiro lugar, que é impossível (mesmo que as forças conservadoras queiram) negar a realidade dos direitos dos homossexuais, suas conquistas e sua força. E, muito mais importante do que isso, diz - de maneira direta - para um imenso contingente de jovens espectadores gays que sua orientação sexual é absolutamente normal e parte da vida. Não gosto e nem acredito em entretenimento que prega, que se diz educativo. Não penso que essa é a função do entretenimento (que é, óbvio, entreter). Contudo, negar a realidade ou se manter numa posição de conservadorismo só faz mal ao meio quadrinístico. 

Capa da edição com o casamento do
personagem Estrela Polar
É claro que não é a primeira vez que um personagem gay aparece nos quadrinhos mainstream. A Marvel mesmo acaba de anunciar o casamento do casal formado pelo membro dos X-Men Estrela Polar e seu namorado. Antes disso, a própria DC já possuía a Batwoman como uma mulher gay atuante em seu universo.

Os quadrinhos de super-heróis, nascidos das esperanças e do desespero de meninos perdidos da década de 1930, sempre foram moralizantes, quadrados e bastante caretas. Isso muda, relativamente, nos anos 1960, com o estilo espalhafatoso de Stan Lee e seus desajustados da Marvel: a família desconstruída do Quarteto Fantástico, o adolescente perdido do Homem-Aranha, o monstro desorientado do Hulk e os meninos e meninas que sofriam preconceito por suas diferenças dos X-Men.

Drogas, na capa de
Green Lantern/Green Arrow #85 (1971)
Mas ainda que esses temas estivessem lá, a discussão era muito mais velada do que efetivamente real. Houve um aprofundamento em temáticas mais reais que sempre é lembrado: a entrada da discussão sobre as drogas, justamente na revista do Lanterna Verde, que na época dividia o título com o Arqueiro Verde, fato ocorrido em 1971.

De lá para cá, muitas revistas tocaram, vez ou outra, em algo mais crítico da vida real, em alguma discussão mais profunda. Porém, na sua imensa maioria, foram tentativas isoladas e sem grande impacto. Mas essa recente onda de "outings" revela que criadores e departamentos de marketing das editoras se atentaram para o fato de que para continuar sendo relevantes para o público precisam ter empatia, ou seja, se colocar no lugar do espectador.

E esse espectador de hoje não é mais o mesmo do século passado. O mundo é outro e, mesmo que a fantasia seja a fundação sob a qual os quadrinhos são construídos, sem verossimilhança, narrativa contínua alguma consegue se manter.

Ou seja, ainda que de maneira capenga, colocando personagens secundários (Batwoman e Estrela Polar) ou por meio de subterfúgios (com um Lanterna de uma "Terra Paralela"), o fato é que os heróis estão saindo do armário. E entrando no mundo. Ao fazê-lo, continuam sua caminhada como uma das maiores referências da cultura pop contemporânea. 

quarta-feira, junho 17, 2009

Vergonha: o dia em que o Jornalismo morreu

O dia 17 de junho de 2009 entra para a História do Brasil como o dia da vergonha. Vergonha pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em derrubar a exigência do diploma para exercer a profissão de jornalista.

Na prática, isso significa que, a partir de agora, qualquer um pode se dizer jornalista. Os argumentos dos ministros do STF para a tomada de decisão foram, no mínimo, rasos. O ministro Gilmar Mendes, por exemplo, disse: "Quando uma noticia não é verídica ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas frequentem um curso de formação. É diferente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia nesse sentido por não implicar tais riscos não poderia exigir um diploma para exercer a profissão. Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão".

Ou seja, fomos, todos os jornalistas, comparados a motoristas. E eu quero saber qual é o perigo à vida que um advogado oferece à coletividade. Só consigo pensar que esse profissional mandaria para a cadeia alguém injustamente. Até aí, um mau jornalista, alguém despreparado, sem o menor conhecimento técnico de como escrever um texto jornalístico, pode muito bem acabar com a vida de uma pessoa, colocando sua reputação pessoal e profissional na lama. Alguém aí ainda se lembra do caso da Escola Base?

Já a advogada do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo (Sertesp), Tais Gasparian, que interpôs o recurso julgado hoje pelo STF, afirmou sobre o jornalismo que “a profissão não depende de um conhecimento técnico específico. A profissão de jornalista é desprovida de técnicas. É uma profissão intelectual ligada ao ramo do conhecimento humano, ligado ao domínio da linguagem, procedimentos vastos do campo do conhecimento humano, como o compromisso com a informação, a curiosidade. A obtenção dessas medidas não ocorre nos bancos de uma faculdade de Jornalismo”.

Vamos manter a comparação com a advocacia. Há uma técnica para ser advogado? Até onde se pode ver, a operação do Direito é bem como ela disse, uma “profissão intelectual ligada ao ramo do conhecimento humano, ligado ao domínio da linguagem, procedimentos vastos do campo do conhecimento humano, como o compromisso com a informação, a curiosidade”. Ou não?

Afinal, para ser advogado é preciso saber ler, escrever e falar muito bem (o tal domínio da linguagem), ter compromisso com as informações dos processos e curiosidade para descobrir as brechas da Lei. Em sendo assim, por que é preciso fazer faculdade de Direito para ser advogado? Vamos todos ler os códigos e nos tornar advogados, promotores, desembargadores e juízes, por que não?

O Sertesp tem seus motivos para não querer mais a obrigatoriedade do diploma. A partir de agora, as empresas poderão fazer verdadeiros leilões de salários – afinal, poderão contratar qualquer um, inclusive aqueles sem a menor qualificação, conhecimento ou preparo, e para esses pagar o quanto (menos) quiser.

Chego a questionar os motivos da decisão do STF. Será que os nobres ministros estão cansados de ter gente combativa em seus calcanhares, questionando, por exemplo, os gastos do Judiciário e o absurdo do nepotismo que assolou por anos esse poder?

Pois afirmo sem medo de errar: aqueles sem formação específica, sem uma base cultural sólida e focada nas características de ética, correção e limite ensinados pelas faculdades de Jornalismo, certamente não serão tão combativos.

Mas assim foi decidido. Agora qualquer blogueiro pode se dizer jornalista. E digo isso num blog. Pois este é um espaço pessoal, onde escrevo pelo meu prazer em lidar com as palavras. É entretenimento, não informação. É completamente diferente de um órgão regular de imprensa, que tem um compromisso público de informar, de estar sempre vigilante, fiscalizando idoneamente a sociedade.

Além de vergonhosa, a decisão do STF é um desrespeito com todos aqueles que estão e que já passaram pelos bancos das faculdades de Jornalismo. É também um desrespeito a todos os familiares dessas pessoas, que se esforçaram para que seus filhos, sobrinhos e netos conseguissem concluir um curso superior que, neste 17 de junho de 2009, tornou-se obsoleto.

Temo pelo futuro não só dos meios de comunicação brasileiros, mas pela própria democracia do País – que é recente, estava em fase de avanço e desenvolvimento, e sofre agora o risco de passar por um retrocesso, visto que a qualidade daqueles que deveriam cumprir o papel de vigilantes acaba de escorrer pelo ralo.

Estou de luto. Minha formação, a profissão que escolhi quando ainda era um menino, morreu hoje. E com ela, morre também uma parte de mim. Durmam bem, ministros. Fiquem tranquilos: ninguém estará olhando.

segunda-feira, junho 15, 2009

A maconha na PUC ou “a Revolta dos acéfalos”

Durante a semana passada, a Reitoria da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a famosa PUC-SP, decidiu finalmente deixar para trás a política do “finjo-que-não-vi” e divulgou um plano de combate ao uso de drogas dentro do campus, notadamente a maconha. Fato visto no Estadão e na Vejinha.

Falando com a experiência de quem passou cinco anos pelas salas do Prédio Velho, Prédio Novo e Corredor da Cardoso, nos cursos de História e Jornalismo (tidos como dois dos mais “maconheiros”), afirmo sem medo de errar que a medida chega em boa hora. Afinal, antes tarde do que nunca.

Na época em que fui membro da diretoria do Centro Acadêmico Benevides Paixão (Jornalismo, Publicidade, entre outros cursos), lá pelos idos do começo da década do ano 2000, chegamos ao absurdo de fazer um plebiscito para saber se deveria ou não ser liberado o uso de maconha dentro do espaço do CA - um misto de inocência, excesso de confiança na democracia e burrice, tudo motivado por aquele clima de “vamos mudar o mundo”, muito justo e necessário durante a faculdade.

Quem estuda ou estudou em outras universidades acha essa história toda muito estranha, pois não faz sentido uma instituição (ainda mais uma do gabarito que, supostamente, a PUC possui) ser um local em que se fuma maconha livremente. Mas sim, lá na PUC é assim mesmo. As pessoas fumam até mesmo em salas de aula durante os intervalos. Mais do que triste, é uma situação descabida, a qual o atual reitor faz muito bem em se opor.

Alunos brigam e esperneiam pela decisão. Mas vamos lá, qual é o motivo desse questionamento? Lutar porque a reitoria está empenhada em cumprir a lei? No mínimo ridículo.

Os contrários à determinação de apertar o cerco aos usuários da erva dizem que estão sendo cerceados em sua liberdade. Mas que liberdade é essa? A de fazer algo que é classificado como crime pela Lei Federal n.º 11.343? Não faz o menor sentido.

A universidade é, sem dúvida alguma, o espaço para a discussão de temas polêmicos da sociedade. E não há nenhum questionamento acerca de a descriminalização ou não da maconha é um desses temas. Mas não se pode confundir vanguardismo com baderna. O fato é: maconha é crime. Hoje é assim. Se amanhã não será, esse é outro ponto.

O que não se pode é macular um espaço criado para a ampliação e criação de alto conhecimento com a utilização fora de propósito, transformando o local num oásis da falta de lei.

Os defensores da maconha na PUC parecem esquecer (muito comodamente, diga-se de passagem) que a compra de drogas financia o tráfico. Uma atividade ligada diretamente ao que há de mais podre no crime organizado. Quem compra a menor quantidade que seja de droga está ajudando a aliciar crianças, a aumentar as estatísticas de mortes entre adolescentes e a entupir as cadeias de gente. Onde está a liberdade? Onde está o benefício? Onde está a vanguarda do movimento estudantil?

Só respeito alguém que diga que não é assim que funciona se essa pessoa plantar a própria erva. Mas, ainda assim, faço a ressalva de que continua sendo ilegal.

Enquanto isso, naquela mesma PUC, muitos professores fingem que dão aulas, os laboratórios estão sucateados, não há uma política consistente de bolsas de estudo, menos ainda de apoio a atividades culturais e esportivas. E os alunos ainda se dignam a brigar porque não podem mais fumar maconha. É de um egoísmo atroz.

Isso sem falar naquilo que deveria indignar ainda mais os dirigentes dos Centros Acadêmicos: a proposta de colocação de catracas, impedindo o livre trânsito da comunidade pelo campus. Isso sim uma afronta à tradição democrática da PUC.

A decisão do reitor de combater a maconha com empenho é sim digna de aplausos. Mas que não seja mais um factóide político. Além disso, os tais bedéis precisam estar atentos a toda universidade. Não somente nos cursos que já possuem a pecha de serem maconheiros. Porque não é só no CACS (Centro Acadêmico de Ciências Sócias), no Benevides e no CASS (Centro Acadêmico de Serviço Social) que se fuma. No C.A de Direito, menina dos olhos da direção da Universidade, de onde saem pessoas para grandes escritórios e tudo mais, também se fuma. O mesmo vale para o C.A da FEA (Administração e Economia).

Eu já pensava assim antes, quando ainda era estudante (e me posicionei dessa forma no tal plebiscito que falei anteriormente), e continuo com a mesma posição. Não se pode nunca confundir o debate saudável e enriquecedor – inclusive sobre a maconha – com bandalheira. É fundamental entender que, ao fazer algo que é contra a Lei e ainda por cima prejudica outros, qualquer possibilidade de ser levado a sério se esvai. Perde-se a capacidade de ter respeitada sua argumentação.

Em meio a toda essa discussão, fica apenas uma certeza: alunos e Reitoria deveriam se preocupar com muitas outras coisas, todas elas mais importantes para a vida universitária, ao invés de gastar tempo e recursos em cima de um assunto que não é nada além de mera cortina de fumaça.

domingo, maio 03, 2009

Da crise do homem contemporâneo

Fico assustado como grande parte dos homens ainda não compreendeu seu papel na contemporaneidade. Todos os dias vemos exemplos de homens que teimam em se comportar como se vivessem no século retrasado, tratando as mulheres como se fossem seu gado, prontas toda hora para emprenhar ou para o abate.

Porém, esses exemplares do machismo não conseguem perceber as sucessivas perdas que tem ao ainda reproduzir comportamentos arcaicos, como acreditar que homens e mulheres possuem direitos diferentes: meninos podem sair e pegar várias, meninas simplesmente não.

Poucas coisas são tão ridículas como esse pensamento. Mas o que podem fazer esses caras, de trinta e poucos, quarenta anos, que viram a vida de seus pais serem passadas assim: cheias de desrespeitos às esposas, pensamentos não-igualitários e sistemas de domínio pela força e pelo medo? Pouco ou nada.

O que se vê, nesses casos, são seguidas separações, discussões e conflitos. E uma infinidade de pessoas infelizes. Como, então resolver essas situações?

Só há um caminho: o do real reconhecimento da igualdade entre os sexos. Homens e mulheres já são iguais em absolutamente tudo. Se falarmos no ambiente corporativo, isso é ainda mais claro. A quantidade de mulheres em postos de comando nas empresas é cada vez maior. E tem gente que é mandada por uma garota no trabalho e chega em casa e acha que é melhor que a esposa ou namorada. Parece até uma tentativa de se reafirmar.

Já é passada a hora da parceria. Ou, melhor dizendo, da identificação da parceria. Somente com a consciência de que apenas juntos é possível avançar, homens e mulheres conseguirão obter relacionamentos duradouros e verdadeiros.

Mas, para finalizar, é preciso lembrar: que as mães não sejam mais machistas que os próprios homens e parem de criar “pequenos príncipes”. Aí sim a vida dos homens poderá ser vivida plenamente.

segunda-feira, abril 13, 2009

Falta de ensino em duas rodas

Matéria de Veja São Paulo desta semana chama atenção para o trabalho dos bombeiros e conta que atualmente a maioria dos atendimentos é para acidentes de trânsito. Desses, mais de 80% envolve motociclistas.

São Paulo não existe sem os motoboys. Quem trabalha com documentos e com provas de materiais gráficos sabe muito bem disso. E estes são apenas dois exemplos entre muitos.

É muito simplista utilizar o velho argumento de que motoboys são irresponsáveis e que fazem loucuras o tempo todo. Mas alguém já parou para pensar na formação dessas pessoas? Não estou aqui falando de educação escolar formal. Quanto a isso, a discussão é outra e muito mais profunda. Falo é de ensinar a pilotar uma motocicleta.

No final de 2008 entrou em vigor uma nova diretriz do Conselho Nacional de Trânsito, aumentando o número de horas/aula para se conseguir tirar habilitação, seja de carros ou motos. Foi suficiente? Não. Nem de longe.

Recentemente, por conta de novos compromissos profissionais, precisei de um novo veículo. Depois de observar e comparar diversas alternativas, decidi que a melhor opção era uma scooter.

Para quem não sabe, scooter são as versões modernas das lambretas, como a clássica Vespa. São motos menores (na maioria dos casos) e que tem, como principal característica possuir câmbio automático.

Apesar de mais simples para guiar, scooters são motos e, portanto, necessitam de habilitação específica. Escolhi a scooter e não um modelo normal de moto justamente para me diferenciar do mar de motoboys da cidade e, assim, conseguir um pouquinho mais de respeito dos motoristas de carros, ônibus e caminhões.

Dando início ao processo, fui até uma auto-moto escola e me matriculei. Como já tinha habilitação de carro, fiz o que eles chamam de adição de categoria. O que me exigiu apenas a tal prova de conhecimentos de primeiros-socorros, mecânica básica e direção defensiva. Não precisei fazer nenhuma outra aula.

O problema começa na parte prática. O início tudo bem. O instrutor chega, prende o acelerador para que você não faça nenhuma bobagem, diz como engatar a marcha e vamos lá. Há um traçado padrão a ser feito: um oito, um labirinto e contornar alguns cones.

Dentro da minha imensa ignorância e ingenuidade, acreditei que depois dessa fase – a qual seria destinada ao meu ganho de equilíbrio – passaria às ruas, fazendo percursos, como nos carros.

Ledo engano. As aulas e o exame ficam SÓ nisso. 20 aulas em um espaço confinado, sem carros ao lado, sem caminhões. Vez ou outra uma moto de algum aluno que também está ali perdido.

Ou seja, para se ter habilitação de motocicleta no Brasil você não precisa nem mesmo saber como engatar a segunda marcha. Anda só em primeira e ponto final! Imagina então pegar corredores movimentados da metrópole paulistana. Ninguém passa nem perto de te ensinar isso.

Questionei se não seria necessário um treinamento melhor para meu instrutor. Aí fiquei ainda mais surpreso: ele me conta que é proibido o uso de motocicletas de ensino no tráfego da cidade.

Como então um cidadão deve aprender a andar de moto? Ora, exatamente como eu fiz. Andando. Pegando a moto e saindo por aí, aprendendo na prática.

Se é assim, não é de se admirar que os bombeiros tenham tanto trabalho com motociclistas. Eles não aprendem a, realmente, andar de moto. Ainda mais um cara que usa a moto para trabalhar, recebendo por entrega, o que significa que quanto mais, maior o pagamento.

Essa mesma pessoa sai de casa sem comer direito, muitas vezes quando o sol ainda nem nasceu e volta quando a lua já está alta. Debaixo de chuva e no frio (porque o que faz de frio em moto não é brincadeira...). Isso significa ainda menos atenção de alguém que nem tem tanto conhecimento assim sobre pilotar uma moto.

A história a ser contada é essa. Mas para isso ninguém olha. Da próxima vez que você ver um motoboy sendo socorrido depois de um acidente, lembre-se: ele tem habilitação. Só não sabe realmente como dirigir e ninguém cobrou, ou sequer ensinou, isso a ele.

quarta-feira, julho 30, 2008

Desrespeito

Será que é muito difícil para as operadoras de internet banda larga manterem um serviço com um mínimo de qualidade? Há poucas semanas foi a Telefônica, com seu Speedy, que caiu e ficou fora do ar por dias (e que nunca mais foi o mesmo desde então).

Nesta sexta-feira, dia 25, foi a vez do Vírtua, da NET Serviços, cair e não voltar mais em toda a Zona Oeste de São Paulo.

Em todos os mercados, a excelência em serviços é o objetivo maior das empresas. E o respeito pelo consumidor é um item que nem mais é comentado, por se tratar de uma questão obrigatória. Não há discussão sobre isso.

Porém, para essas empresas, parece que isso não existe. Para elas, nós, os consumidores, não estamos fazendo nada além de um “favor” contratando os serviços deles. É ridículo.

Se é assim agora que as empresas são privadas, imagina quando eram públicas.

A única saída está nas mãos dos consumidores. Somente nos organizando e colocando “a boca no mundo” conseguiremos obter um mínimo de reconhecimento e atendimento correto.

Para quem quiser reclamar, no caso das teles, vá ao site da Anatel. Não é muito, mas já é alguma coisa.

quinta-feira, julho 10, 2008

Beleza frutífera

A mulher mais comentada pela mídia e, aparentemente, mais cobiçada pelos homens no Brasil atual não é outra que não a avantajada Mulher Melancia. Que tem seguidoras dos mais diversos tipos: Jaca, Melão, Moranguinho...

O que todas essas mulheres têm em comum, além do fato de não serem o padrão de beleza das passarelas e editorias de moda? Elas são a síntese das mulheres de verdade do Brasil. Das mulheres que estão nos pontos de ônibus, nas escolas, padarias e escritórios.

Mulheres que não seguem a estética famélica que o mundo da moda tenta impor. E que mesmo assim são capas de “Playboy” e “Sexy”. Com isso, democratizam a beleza, dão a todas a possibilidade de se sentirem desejadas.

Algo que, na verdade das ruas, sempre aconteceu. As mulheres mais “carnudas”, como diz o povo, sempre foram as mais desejadas. De um ponto de vista até mesmo biológico, os homens tendem a procurar mulheres cuja configuração corpórea passe a idéia de que pode ser uma boa reprodutora – e uma das marcas são exatamente as coxas e a cintura mais largas.

Por isso, que surjam cada vez mais mulheres, sejam elas jacas, melões ou mesmo pepino – como aquelas com quem o Ronaldo Fenômeno se envolveu. Mas que não se esqueçam das mulheres-folhas, as tão lindas magrinhas, pois há lugar no mundo para todas as belezas.

Mas que fique claro: aqui, o apoio é dado a uma nova visão estética, menos travada e contra as exigências diabólicas de um tempo no qual a imagem vale mais do que a essência. E não ao excesso gritante de vulgaridade envolvido nas danças (?) e músicas (?) produzidas por essa fruteira toda. Disso, não se faz nem uma limonada.

segunda-feira, julho 07, 2008

A tal Lei Seca

O advento de uma nova regulamentação a respeito da tolerância (ou ausência dela, melhor dizendo) à combinação álcool e direção vem movimentando o noticiário e é, inevitavelmente, assunto de mesas de bar por todo o País.

Quem teve a oportunidade de dirigir por São Paulo à noite, no final de semana, já pode perceber claramente os efeitos da nova lei.

Aonde antes havia jovens alterados, com latinhas de cerveja às mãos, gritando e dirigindo de forma imprudente, agora se vê apenas tranqüilidade e até um bocado de silêncio. Essa era a cena nas imediações da Vila Olímpia, por volta da 1 da manhã de sábado.

Os donos de bares e casas noturnas podem até estar chateados. Mas que a lei está fazendo bem à população, isso é inegável. A diminuição do nível de estresse das pessoas no trânsito noturno é nítida.

Conversava dia desses com uma amiga que é cantora e trabalha na noite. Ela contava das atrocidades que já viu ao voltar para casa depois do trabalho, lá pelas 4 ou 5 da matina. E ela dizia também de como notou que estava bem mais fácil chegar após a introdução da lei. “O medo que eu passo ao atravessar um cruzamento, pensando que um louco bêbado passaria no vermelho, diminuiu bastante”, comentou.

O que os antagonistas dessa regra precisam se acostumar é a pensar que existe diversão mesmo sem álcool. E quem precisa desse combustível para se soltar, que procure um bom terapeuta e exorcize seus próprios fantasmas.

A saúde pública agradece, como mostra a pesquisa.